Cordial no atacado, a transição de governo no Rio Grande do Sul também embute pontos de inquietação. Um tema que vem provocando certo estresse é o desfecho do IPO da Banrisul Cartões. Lançada em março deste ano, a operação previa a venda de ações da área relacionada ao Banricompras, que seria separada.
Como o objetivo era obter recursos para o governo do Estado, a transação foi desenhada com uma redução de capital do banco. Isso significa que o governo do Estado retiraria dinheiro do Banrisul. A intenção original era se apropriar dos resultados da venda de ações, mas como não houve condições para realizá-la, vale a cláusula que prevê o encolhimento de R$ 353,3 milhões.
A maior parte iria para o Piratini, mas como só mantém pouco mais de 57% do capital total da instituição, o governo do Estado embolsaria cerca de R$ 200 milhões. O prazo para que isso ocorra é 31 de dezembro. O governador eleito Eduardo Leite vem pedindo que a atual gestão se mobilize para adiar o prazo ao menos para o final do primeiro semestre de 2019.
Para isso, seria necessária a convocação de uma assembleia- geral extraordinária, que aprovasse a mudança em menos de 50 dias. Dados os prazos legais – é preciso convocar os participantes com certa antecedência – o cronograma é apertado. O temor do novo governo é que o desembolso neste final de ano descapitalize o Banrisul sem qualquer benefício para o Estado.
Como a redução de capital terá de tratar igualmente todos os acionistas, haverá aporte para detentores de papéis do banco no Brasil e no Exterior. Ou seja, em um momento em que faltam recursos para pagar contas essenciais, o Banrisul distribuiria recursos.
No momento em que o futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, dá sinais de que pode apertar as condições para negociar um acordo para o Regime de Recuperação Fiscal (RFF), é uma preocupação pertinente. A pressão pela privatização do Banrisul, que já existia com Henrique Meirelles na Fazenda, tende a se intensificar na nova gestão que terá de reduzir rapidamente o rombo nas contas públicas.