O comportamento do mercado no primeiro dia de novembro indica que o "rali Bolsonaro" ainda não terminou. A bolsa operava em alta no final da manhã, mas quando o juiz Sergio Moro confirmou sua decisão de aceitar o superministério da Justiça e da Segurança, o Ibovespa (indicador da média das ações masis importantes) deu um salto. Subiu mais de mil pontos em uma hora, partindo de pouco mais de 87 mil para acima de 88 mil. Como se esperava, fechou o dia em alta de 1,14%, para a máxima pontuação histórica, de 88.419.
O recorde anterior, de 87.652 pontos, havia sido registrado em 26 de fevereiro último.
O grupo de varejo Pão de Açúcar (6,7%) e o Bradesco (5,7%), que divulgou lucro de R$ 5,5 bilhões no terceiro trimestre, foram destaques entre os papéis que mais se valorizaram.
Nesta quinta-feira (1º), o dólar também voltou a ceder, fechando com baixa de 0,76%, para R$ 3,694. Em outubro, a bolsa havia acumulado alta de quase 10%, enquanto o dólar teve queda de 7,8%. O desempenho é tão fora do normal no país, e tão distanciado da realidade da atividade produtiva que se assemelha a uma certa exuberância irracional.
Mesmo assim, a participação de Moro no futuro governo Bolsonaro é vista por investidores e especuladores como uma espécie de chancela para o discurso anticorrupção do presidente eleito, além de um reforço institucional depois de uma campanha marcada, várias vezes, por discursos autoritários.
A indicação de Moro não representa apenas vantagens: vai permitir leituras críticas do papel do juiz até agora, especialmente no caso que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à prisão, afastando o principal concorrente do capitão reformado. Mas prevalece, neste momento, seu papel de reforço à visão garantidora da lei e da ordem que o presidente eleito representa.
Na área econômica, ainda resta mal-estar com a primeira manifestação do indicado para o superministério da Economia, Paulo Guedes, que afirmou "vamos salvar a indústria brasileira apesar dos industriais". Mais cedo, pela manhã, o mercado financeiro havia recebido bem, com alta mais leve na bolsa e pequeno recuo no dólar, um tuíte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a boa evolução das negociações com a China. O presidente americano afirmou que acabara de ter uma conversa com Xi Jinpig, presidente chinês, com ênfase no comércio, que estava "evoluindo bem".
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