Um dos documentos mais temidos no mercado financeiro, a delação do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, não foi totalmente liberada pelo juiz Sérgio Moro. Ao menos
até agora – não há sinais de que haverá novos trechos –, o que está disponível para consulta são 12 páginas de uma espécie de resumo genérico. A maior parte das acusações que esse material contém já era conhecida, como o pagamento de propina de R$ 40 milhões da Odebrecht à campanha para reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff.
Além de confirmar que medidas provisórias ao longo dos governos Lula e Dilma serviram de anteparo para negociações escusas, assim como as indicações para a direção da Petrobras os trechos liberados até a metade da tarde desta segunda-feira (1) não têm o potencial arrasador temido ao longo de boa parte do ano passado.
A inquietação com o efeito explosivo da delação do ex-ministro que foi, por muito tempo, o principal interlocutor dos governos petistas com a elite do empresariado no Brasil, provocou até mudanças em regras bancárias para prevenir eventual tremor nas instituições bancárias.
A seis dias das eleições, a liberação terá efeito mais político do que judicial ou econômico. No mercado, não houve sinal de grandes alterações nas trajetórias da bolsa ou do dólar. Os dois ativos que mais variam com novidades, especialmente relacionadas à eleição, mantiveram a a tendência sem variações bruscas. No câmbio, foi mantida a queda discreta que vinha ocorrendo desde a manhã, ao redor de 0,5%. Na bolsa, houve ligeira redução na intensidade da queda, mas seguiu acima de 1%. Analistas da reação de investidores e especuladores, cada vez mais ligados à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), avaliaram que a reação foi de "cautela e leve bom humor".