No dia da publicação da pesquisa do Datafolha que reforçou a possibilidade de segundo turno entre duas forças extremas – Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) –, o dólar fechou em R$ 4,056, alta de 0,46% nesta quarta-feira (22). Pela manhã, a cotação no câmbio comercial chegou a roçar os R$ 4,08, mas perdeu força ao longo do dia, embora sem baixar do patamar de R$ 4 alcançado na terça-feira.
Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, avalia que há "precipitação" no mercado – conjunto de investidores e especuladores em ativos como dólar, bolsa e juros futuros. Para o analista, a perspectiva para as eleições só permitirá um quadro mais concreto depois do início da propaganda eleitoral no rádio e na TV,
o que só acontece no dia 31.
– Há um certo exagero na avaliação do momento político-eleitoral – pondera.
Rosa pondera que há expectativa de que o Banco Central (BC) volte a fazer leilões de swap cambial (tipo de contrato que representa venda de dólares no mercado futuro) a qualquer momento. Um dos motivos que geram essa perspectiva é o fato de que, no Exterior, o dólar perdeu valor frente a moedas de países emergentes, como México, Chile e África do Sul. Esse comportamento é motivado pelo cerco judicial ao presidente Donald Trump. Na terça-feira, seu ex-advogado fechou acordo de delação premiada e seu ex-chefe de campanha foi condenado por fraude bancária.
Quando o dólar se fortalece frente a todas as moedas, intervenções locais do BC não têm muito efeito, porque a causa da alta é externa. Quando é interna, como vem ocorrendo nos últimos dias, atuações que representem oferta de moeda americana podem ser bem sucedidas para conter, especialmente, o efeito inflacionário causado pela desvalorização do real. Quando sobe, o dólar leva junto preços de matérias-primas importadas, como trigo, produtos que têm componentes importados, como computadores, e mercadorias que, embora totalmente nacionais, têm preços definidos lá fora, como óleo de soja.
Agora, todos os analistas ouvem a mesma pergunta: até onde vai o dólar? O temor é de que siga até quebrar outra barreira ainda mais impactante, a de R$ 5. Um dos que tenta devolver a calma e a racionalidade é André Perfeito, da corretora Spinelli. O economista considera improvável a quebra dessa barreira. E explica o motivo:
– Em primeiro lugar, o Brasil tem reservas internacionais relevantes (US$ 380 bilhões) e acumula saldo em dólar pelo saldo comercial. Em segundo lugar, Geraldo Alckmin (candidato do PSDB e "preferido" do mercado) ficará parado neste patamar por mais um tempo, mas não tem porque não acreditar que não possa melhorar sua posição quando o horário gratuito começar e ele puder usar seu acordo caro com o Centrão.