Com fechamento da venda para a LyondellBasell prevista para outubro, a Braskem detalhou na manhã desta quinta-feira (9) os resultados do segundo trimestre, o último cheio a ser apresentando antes do anúncio da conclusão das tratativas. O lucro da empresa, de R$ 547 milhões, caiu 50% na comparação com igual período do ano anterior e 48% ante os três meses anteriores. Nos períodos anteriores, havia superado R$ 1 bilhão. Como os resultados haviam sido conhecidos no dia anterior, as ações da Braskem recuam, no meio da manhã, ao redor de 1%.
Conforme o CEO da empresa, Fernando Musa, boa parte da piora no desempenho se deveu à greve dos caminhoneiros, que reduziu a utilização da capacidade das plantas no Brasil em até 50% durante a mobilização. Também contribuíram quedas nas vendas no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, por motivos diferentes.
– É satisfatório ver tudo o que está sendo feito pelas equipes, em situação de desafio, mostram resiliência que conseguimos implantar. Geramos bons resultados apesar dos desafios – disse Musa.
Sobre a venda, Musa apenas mencionou o anúncio feito em 15 de junho, que avisou das "tratativas preliminares" e disse que está sendo tratado entre os controladores, Odebrecht e Lyondell. Segundo o executivo, "o papel da companhia é apoiar o negócio conforme solicitação, como o processo de diligência (espécie de auditoria). Como a expectativa dos clientes, que transformam a resina produzida pela Braskem em produtos plásticos, é de alguma restrição do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) – até a venda de um dos complexos é mencionada –, a coluna perguntou sobre o tema. Musa foi sucinto, dizendo apenas:
– O negócio da Braskem vem sendo construído ao longo dos anos com processos de sinergia e integração de negócios no Brasil e no mundo, que se revelou uma estratégia exitosa. Esse é um setor onde sinergia e portfólio de ativos industrias é contribuidor para geração de valor. Não há sobreposição relevante nos produtos em que a Braskem atua no Brasil.
Na visão da Braskem e da Odebrecht, poderia haver restrições concorrenciais apenas sobre uma pequena unidade que a LyondellBassel mantém no Brasil, de compostos de polipropileno (insumos que dão características específicas à resina).
Conforme o executivo, não fosse a paralisação de maio, a empresa teria obtido "ganho significativo da taxa de operação". A central do ABC paulista teve de ser totalmente parada. Musa informou, sem detalhar, que a empresa está buscando alternativas logísticas para solucionar o aumento de custo representado pela imposição da tabela de frete. Só mencionou a hipótese de aumentar o transporte marítimo, em cabotagem (sem sair do país).