A divulgação do balanço trimestral da Braskem, prevista para hoje, será dominada por especulações sobre a meganegociação entre a Odebrecht, controladora da petroquímica, e a gigante global LyondellBasell. A despeito das inquietações dos fabricantes de produtos plásticos, clientes da empresa nacional, as tratativas avançam bem.
O processo de due dilligence (espécie de auditoria) caminha para o final. Representantes da indústria passaram, na semana passada, pelas unidades de Triunfo, no polo gaúcho. Apesar de a Lyondell ter origem holandesa e de seu maior acionista individual ser o bilionário russo Len Blavatnik, no mercado e nas internas, os compradores são chamados de “americanos” – a sede é em Houston, Texas (EUA). Pois o que se sabe é que os “americanos” voltaram da incursão com boa impressão sobre as instalações físicas da Braskem no Brasil, no México e nos Estados Unidos. Estima-se que o negócio movimente cerca de R$ 35 bilhões, a maior aquisição de empresa por grupo estrangeiro em uma década.
Executivos que acompanham a negociação confirmam que a assinatura final entre as duas empresas deve ocorrer até outubro. A partir daí, começa o processo de análise nos órgãos reguladores de todo o planeta. É bom lembrar que, com a aquisição, a LyondellBasell será a maior petroquímica do mundo.
Na visão de dentro da empresa, a maior dificuldades será nos Estados Unidos, onde há alguma superposição. Consultores com dados precisos avaliam que, no Brasil, existiria até a possibilidade de um rito sumário no Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade). Dada a pressão dos transformadores, é pouco provável.
Apesar das reticências da Petrobras em confirmar que vai aceitar a oferta, será uma surpresa para o mercado se a estatal não aproveitar a oportunidade para colocar no caixa algo como R$ 16 bilhões, em um dos poucos negócios que pode fechar depois da liminar do ministro Ricardo Lewandowski. A outra fatia vai para o bolso da Odebrecht, que pode ainda manter um naco suculento da número 1 das resinas.