Na véspera de um dia decisivo para o polo naval gaúcho, por conta da assembleia de credores da Ecovix, outra memória de dias melhores em Rio Grande é atiçada. Foi confirmado que a QGI vai receber a P-75 entre o final de julho e o início de agosto. Serão executadas no local de nascimento do cluster de construção de equipamentos para exploração de óleo e gás as últimas etapas de integração de módulos. O mesmo deve ocorrer com a P-77 até o final do ano. Para a assembleia que define o futuro da maior obra de infraestrutura do segmento, o dique seco, há grande ceticismo. Em recuperação judicial, a empresa que responde pelo ativo tenta separá-lo, com o restante dos equipamentos, da dívida de R$ 7 bilhões. Além de quebrar a resistência dos credores, será preciso encontrar um investidor disposto a empregar bilhões em um negócio incerto.
As duas plataformas deveriam ter sido integralmente feitas no Estado, mas a Petrobras, pressionada por custos altos e riscos aos cronograma, deslocou o trabalho para a China. Todos os equipamentos que já haviam sido feitos em Rio Grande foram mandados para lá. Agora, as duas grandes estruturas farão uma espécie de escala na cidade portuária para concluir a integração de módulos e passar por testes. Não haverá contratação para o trabalho, que hoje se resume a uma centena de profissionais no QGI. No total, cerca de 40% do total da construção teve origem no Estado.
As duas plataformas que passam por Rio Grande antes de serem entregues são do tipo FPSO. Se serve de consolo, o Estado ao menos vai poder registrar a exportação dos equipamentos. A P-75 tem valor estimado em US$ 1,3 bilhão, valor que vai rechear as estatísticas, mas é uma operação teórica, chamada no jargão da Petrobras de exportação "ficta" – de fictícia. Todas as plataformas são registradas em nome de subsidiárias da estatal no Exterior por conveniência tributária. Na prática, seguirão de Rio Grande para o campo de Búzios (antes chamado de Franco) na Bacia de Santos. Cada uma tem capacidade para produzir 150 mil barris/dia de petróleo.
Mesmo que seja fictícia, a exportação das duas plataformas pode devolver ao Rio Grande do Sul, ao menos temporariamente, a segunda colocação no ranking de exportações dos Estados brasileiros.