Agora está confirmado: a Comissão Europeia aprovou nesta quarta-feira (20) as barreiras a produtos americanos, que já entram em vigor na sexta-feira (22). É retaliação à guerra comercial declarada por Donald Trump. Em resposta ao imposto de importação de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, que passou a valor no início deste mês, o órgão executivo da União Europeia confirmou a decisão unânime dos 28 países do bloco, que haviam aprovado no dia 14, a lista de produtos americanos que serão tarifados.
Como a coluna já havia explicado, o foco da represália é político. Terão alíquota extra de até 25% a importação nos países do bloco produtos que, na visão dos europeus, são "politicamente sensíveis". Esse foi o foco da escolha da lista de retaliação: motos Harley-Davidson, porque a sede da empresa fica no Wisconsin, Estado de Paul Ryan, deputado republicano que preside a Câmara; bourbon, uísque de milho com produção concentrada Kentucky, base eleitoral de Mitch McConnell, líder republicano no Senado; jeans Levi’s, com quartel-general na Califórnia, Estado da líder democrata na Câmara, Nancy Pelosi.
A expectativa dos europeus, como já explicou o chefe da delegação da União Europeia (UE) no Brasil, João Cravinho, é que a pressão política desses líderes demova Donald Trump da ofensiva bélica comercial. A hipótese é remota, porque Trump vem se mostrando inflexível nesse tema, em postura muito diferente da adotada em relação do ditador norte-coreano Kim Jong-un. Caso sejam aprovadas, as sobretaxas passem a valer até o início de julho.
A escolha se baseia na percepção de que as motivações de Trump para promover a guerra comercial são mais políticas do que econômicas. Diante da análise de especialistas americanos – de que o decreto vai fechar, mais do que abrir, postos de trabalho –, a conclusão é de que o objetivo é aumentar o emprego nos Estados com maior número de siderúrgicas e que asseguraram a vitória de Trump, já de olho no segundo mandato.
Ao anunciar a decisão, Cecilia Malmstrom, comissária de Comércio da União Europeia (cargo equivalente ao de ministro), afirmou, em comunicado, que a decisão "unilateral e injustificada" dos EUA deixou a UE sem escolha. No total, as restrições europeias representam o equivalente a US$ 3 bilhões. Em valores, é uma fração do total sobretaxado na escalada entre EUA e China, que já bateu em US$ 200 bilhões.