Avançou vários passos o nível de ameaça de retaliação europeia à guerra comercial declarada por Donald Trump. Em resposta à entrada em vigor do imposto de importação de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, no início do mês, representantes dos 28 países do bloco aprovaram, nesta quinta-feira (14), a lista de produtos americanos que serão tarifados em resposta às sobretaxas aplicadas pelos Estados Unidos.
Como a coluna já havia explicado, o foco da represália é político. A escolha confirmou alíquotas extras de até 25% sobre motos Harley-Davidson, com mira no Wisconsin, Estado de Paul Ryan, republicano que preside a Câmara; bourbon, uísque de milho produzido no Kentucky de Mitch McConnell, líder republicano no Senado; jeans Levi’s, que têm sede na Califórnia da líder democrata na Câmara, Nancy Pelosi.
Para adoção oficial, as alíquotas ainda precisam de aprovação na Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia, o que deve ocorrer no dia 20 caso não se abra algum tipo de renegociação no intervalo. A hipótese é remota, porque Trump vem se mostrando inflexível nesse tema, em postura muito diferente da adotada em relação do ditador norte-coreano Kim Jong-un. Caso sejam aprovadas, as sobretaxas passem a valer até o início de julho.
A escolha se baseia na percepção de que as motivações de Trump para promover a guerra comercial são mais políticas do que econômicas. Diante da análise de especialistas americanos – de que o decreto vai fechar, mais do que abrir, postos de trabalho –, a conclusão é de que o objetivo é aumentar o emprego nos Estados com maior número de siderúrgicas e que asseguraram a vitória de Trump, já de olho no segundo mandato.