O desabastecimento de combustíveis causado pela greve dos caminhoneiros fez crescer a procura por informações dos veículos elétricos da chinesa BYD. Nesta entrevista, o diretor da empresa no Brasil, Adalberto Maluf, fala sobre vantagens e desafios da tecnologia e conta que ônibus já foram testados em Porto Alegre.

Que empresa é a BYD?
É a maior fabricante global de baterias e há três anos também de carros elétricos e híbridos. É ainda a maior fabricante de ônibus e caminhões elétricos. A produção está próxima a 500 mil veículos por ano, mas 90% ainda para mercado chinês.
Que tipos de veículos vende no Brasil?
Desde as vans elétricas, para logística urbana, até grandes veículos pesados, como os compactadores, usados na coleta de lixo. Temos também veículos intermediários, para carga e distribuição de porte médio, com autonomia um pouco maior para pegar estrada. Hoje, no Brasil, há cerca de cem veículos e a expectativa em 2018 é pelo menos dobrar esse número.
E a diferença de custo ante os veículos convencionais?
É parecido. Mas tem a bateria, que é o custo maior desse caminhão. Em alguns projetos fazemos o aluguel da bateria para ser pago com a economia do combustível. Então, o custo por quilômetro é muito parecido nos primeiros meses de operação. Em uma segunda fase, a gente vende o painel solar para que essa energia abasteça o veículo. Com instalação do sistema fotovoltaico, o custo cai drasticamente. Por quilômetro, se comparado com o diesel, é cerca de 70% menor.
E caminhões para percorrer distâncias maiores?
Temos caminhões rodoviários maiores em testes na China e nos EUA, mas a autonomia ainda está reduzida, mais ou menos em 400, 450 quilômetros. Portanto, ainda não são suficientes para essas aplicações, uma vez que é preciso parar esse caminhão a cada 400 quilômetros para uma recarga. Isso exige uma estrutura relativamente grande. Então, são projetos-piloto, mas acreditamos que, com a redução do custo e do peso da bateria, essas aplicações se viabilizarão nos próximos anos.
Com greve dos caminhoneiros causada pelo diesel, aumentaram as consultas?
Sim, nos últimos dias tivemos aumento significativo. O pessoal está fazendo cotações, tentando entender um pouco mais para não continuarem sendo reféns da distribuição de combustíveis e possam ter um veículo elétrico como opção.
Algo no Rio Grande do Sul?
O RS é um mercado importante em painéis solares. Já trabalhamos muito com Porto Alegre. A Carris tem um relatório que testou nosso ônibus elétrico em relação ao diesel e concluiu que, em 15 anos, que é a vida útil do veículo, o ônibus elétrico economizaria R$ 2,2 milhões por veículo para o sistema, para a tarifa. Foi um relatório muito favorável, entrando não só o custo de aquisição, como o operacional. Também testamos com operadores privados da região. Temos testes avançados e conversas com a cidade de Gramado. Estamos em negociações, mas ainda não finalizadas.