Apenas cinco meses depois de o presidente da Petrobras, Pedro Parente, ter admitido a participação privada nas refinarias da estatal, a empresa colocou em marcha o programa de venda de fatias desse tipo de instalação. Nesta quinta-feira (19), no Rio de Janeiro, a Petrobras apresentou a perspectiva de vender até 60% da Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas. Na verdade, a comunicação oficial da Petrobras menciona somente "duas refinarias no Sul", mas só existem duas – além da Refap, a Repar, em Araucária (PR).
A venda de 60% representa a transferência de controle da Refap para a iniciativa privada. O controle é garantido pela posse de mais de metade do capital de empresas ou unidades. Nesta quinta-feira, a Petrobras organiza um seminário para "apresentar seu modelo preliminar para as parceiras do setor". Participam, ainda, Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional do Petróleo (ANP), Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) e outras entidades interessadas.
Ainda segundo a Petrobras, a intenção é colher sugestões para o modelo de privatização, que deve estar pronto em maio. Além das duas no Sul, também as refinarias do Nordeste devem entrar nessa fase do chamado "programa de desinvestimento" da Petrobras. O objetivo é arrecadar US$ 21 bilhões até o final deste ano. A venda de ativos no Estado é especulada desde o ano passado. Após o anúncio da venda, as ações da Petrobras subiram mais de 1%, mesmo com o Ibovespa perto da estabilidade (recuo de 0,1% no início da tarde).
Entre 2000 e 2010, a Refap foi a única refinaria da Petrobras a ter uma experiência de sócio privado. Por meio de troca de ativos – na qual a estatal brasileira ficou com postos de abastecimento e participações em refinarias na Argentina –, a espanhola Repsol deteve 30% da unidade nesse período. A parceria se desfez com recompra dessa fatia pela estatal, coordenada pelo então diretor de Refino Paulo Roberto Costa. Sim, esse mesmo, preso por corrupção no âmbito da Operação Lava-Jato. Até agora, a Petrobras não se manifestou sobre intenção de vender sua participação no polo petroquímico de Triunfo, outra possibilidade em exame.