Em almoço da Fecomercio-SP, na capital paulista, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, admitiu pela primeira vez em público a disposição da estatal de abrir a área de refino ao investimento privado. O assunto foi suscitando pelo ex-governador Germano Rigotto, que havia se informado da intenção pela coluna desta segunda-feira (27).
Parente não fugiu do assunto. Reiterou que a intenção é se focar em exploração e produção de petróleo. Lembrando que assumiu uma estatal à beira da insolvência, com dívida 5,3 vezes maior do que sua geração operacional de caixa – a média global é de 1,5 – e precisou vender partes do negócio para reduzir o endividamento. Parceiros para as refinarias são uma possibilidade, reiterou. Confirmou que não há modelagem definida para esse tipo de desinvestimento.
Chamou atenção o fato de Parente afirmar que uma das dificuldades para definir o modelo é o fato de não haver experiência nesse sentido. Na verdade, a Refap, em Canoas, viveu essa situação de 2000 a 2010. A troca de ativos com o braço argentino da espanhola Repsol não deixou boa memória operacional nem reputacional. Embora as investigações não tenham avançado – ao menos em público –, entrou no radar da Polícia Federal (PF) o pagamento de duas parcelas de R$ 500 mil ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Foi ele o coordenador da recompra dos 30% da Refap que apagaram a única experiência privada em refinarias da Petrobras no Brasil. Talvez seja bom estudar o caso, ainda que seja para evitar repeti-lo.