Foi tão complexa a movimentação da Petrobras, que anunciou nesta sexta-feira (25) o aporte de R$ 6,3 bilhões na BR, que pouca gente entendeu. A estatal, dizem analistas, abriu caminho para privatizar a maior rede de postos de combustível do país. Além da injeção de recursos, a Petrobras criou uma empresa para absorver outra parte do que os especialistas chamam de "esqueletão da BR" – dívida de R$ 16 bilhões que a Eletrobras tem com a distribuidora por conta de combustível fornecido a usinas térmicas.
Como a pendência não tem condições de ser quitada a curto prazo, e há pressa para abrir o capital da BR, foi preciso fazer engenharia contábil.
– A Petrobras quer fazer o IPO (abertura de capital) da BR em novembro. Para ter sucesso, precisa limpar o balanço da distribuidora – explica Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.
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Com aporte de R$ 6,3 bilhões e a transferência de outros R$ 10 bilhões para a Downstrem Participações, a Petrobras se torna credora da "irmã elétrica" e pode esperar que o novo dono quite a pendência. Ou, o que é mais provável, use os comprovantes da dívida para buscar recursos no mercado.
A intenção declarada da Petrobras é oferecer a investidores privados cerca de 30% das ações da BR. Mas um analista ligado a um grande consultoria avalia que, dependendo do resultado das primeiras consultas, esse percentual pode crescer já no primeiro movimento.
Pires considera mais provável que a privatização seja gradual. Depois da primeira oferta, podem seguir-se outras, pondera:
– Se a Petrobras achar interessante, pode ir vendendo aos poucos até perder o controle.
A rede seria outra candidata à pulverização de capital, a exemplo da "irmã elétrica".