A privatização de seis distribuidoras estaduais de energia está prevista para 4 de maio. A sinalização volta a acender o holofote sobre a CEEE. Serão ofertadas EletroAcre (AC), Boa Vista Energia (RR), Ceron (RO), Amazonas Distribuidora de Energia (AM), Cepisa (PI) e Ceal (AL). Todas haviam sido encampadas pela Eletrobras, que assumiu ao redor de R$ 20 bilhões em passivos.
O resultado do leilão colocará à prova se ainda há interessados nesses ativos em situação delicada. Na avaliação do consultor Ricardo Lima, ex-presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), mesmo que todas tenham compradores, haverá interesse caso o Rio Grande do Sul coloque à venda a CEEE:
– A empresa está em um Estado com recuperação na economia, consumo elevado de energia e boa renda média na área de concessão. É um ativo bastante interessante. Tem um comprador natural, a CPFL (dona de RGE e RGE Sul, duas outras grandes distribuidoras no Estado).
Se o ativo é interessante, por que então não mantê-lo, quis saber a coluna. A resposta de Lima foi:
– Porque o Estado não tem capacidade de gerir grandes empresas, o que já está mais do que comprovado. Isso é fruto das amarras da Lei de Licitações, a 8.666, e das políticas às quais uma estatal está submetida, em qualquer governo de qualquer partido. Além disso, nas atuais circunstâncias, ou o Estado privatiza e arrecada algum dinheiro, ou a Aneel intervém e o Estado sai sem recurso.
Na visão de Lima, existe de fato um problema sistêmico no setor elétrico brasileiro, fruto da recessão e dos efeitos da MP 579, que pressionou as tarifas. No entanto, pondera que a crise da CEEE não é fruto da situação recente:
– É uma empresa que tinha problemas de gestão e estava em situação frágil, por isso foi atingida pelo quadro geral de forma mais profunda.
Presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr. tem dito que há, sim, interessados no leilão das seis distribuidoras, como Equatorial, Neoenergia, Enel e Energisa.