Uma dos fatores que está na mira da Operação Skala é uma espécie de sucessão nas capitanias hereditárias do Porto de Santos. Além da duplicação do prazo da concessão da Rodrimar, cujo proprietário foi preso hoje, outro alvo é o Grupo Libra, sobre o qual se sabia pouco até agora. Pois foi essa empresa que, há um ano, derrotou a Santos Brasil, do banqueiro Daniel Dantas, na disputa de um contrato com o consórcio de armadores ESA, no Porto de Santos. E não foi apenas "um" contrato: a disputa representava 16% do movimento de contêineres da companhia no maior porto do país em 2016.
Na época, a Santos Brasil reagiu ao caso afirmando que a perda do serviço representava "movimento normal de mercado". No mercado, à época, comentava-se que o acordo envolvia a movimentação de 150 mil contêineres por ano em Santos. Também naquele momento, o Grupo Libra, vencedor da disputa e, portanto, beneficiado pelo resultado, sequer aceitou comentar o resultado.
O contrato representava prestação de serviços a gigantes do transporte de contêineres, como Cosco Shipping Holdings, Evergreen Marine, Hapag-Lloyd e Hamburg Süd. Em depoimento prestado por Lucio Funaro, o Libra havia sido apontado como "grupo aliado de (Eduardo) Cunha", deputado cassado preso desde outubro de 2016. Ainda segundo Funaro, o Libra seria prejudicado pelo decreto dos portos. Por ter vários débitos fiscais inscritos em dívida ativa, não poderia renovar a concessão. Cunha teria incluído uma cláusula permitindo que empresas com dívida ativa renovassem seus contratos se ajuizassem arbitragem para discutir os débitos.