Embora tenha sido citado um estudo privado em mãos de técnicos do Ministério da Fazenda apontando risco de alta de R$ 0,06 no preço da gasolina caso a adição de etanol suba dos atuais 27% para 40%, como prevê o Renovabio, o cálculo é de difícil compreensão. Afinal, o que está previsto é o aumento da proporção de um produto de custo mais baixo na composição de outro com preço maior. Nem os especialistas desfazem o nó dessa conta.
Felipe Novaes, analista de agronegócio da Tendências Consultoria, pondera que o cálculo não é simples, mas reforça a percepção de que a lógica aponta o sentido inverso. Ao elevar a proporção de insumo mais barato, o preço final deveria diminuir, em vez de aumentar.
O especialista recorre às mais recentes mudanças na mistura para amparar a tese. Entre abril e maio de 2015, a proporção de etanol aumentou de 25% para 27%.
– Na série do mês, não há sinal de aumento expressivo de preço.
Em abril de 2013, quando o acréscimo na adição foi proporcionalmente maior, de 20% para 25%, o comportamento foi igual: os preços da gasolina não tiveram alta.
– Dá para dizer com segurança que, em dois episódios anteriores. não se observou aumento evidente no preço ao consumidor. no preço da gasolina – diz Novaes, ressalvando que, nessa época, a Petrobras controlava repasses.
Embora elevação no preço seja improvável, aumento no custo para os consumidores não pode ser descartado. Dependendo de variações estaduais, o abastecimento mais frequente para compensar o menor rendimento da nova composição da gasolina C pode consumir maior parte do orçamento. O que parece certo, no temor da Fazenda, é a perda de arrecadação, estimada em R$ 4 bilhões. Está nesse número a justificativa para o pedido de adiamento da nova mistura.