Com a economia em lento processo de reequilíbrio, a expectativa de inflação comportada segue como uma das notícias que despertam sopro de alívio no país. A edição mais recente do relatório Focus, divulgada nesta quarta-feira (14) pelo Banco Central (BC), sustenta a avaliação de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) não deverá causar grandes dores de cabeça ao longo do ano.
A projeção de analistas do mercado financeiro para o IPCA ao final de 2018, conforme o documento, caiu de 3,94% para 3,84%. Se a estimativa se confirmar, a inflação ficará abaixo da meta central de 4,5%, mas dentro do intervalo de tolerância – entre 3% e 6%.
Em parte, a projeção de queda está relacionada com o campo. Em 2017, a safra recorde no país já havia sido responsável por puxar o IPCA para baixo – o índice oficial encerrou o ano em 2,95%, o menor resultado desde 1998. Embora em patamar inferior, a produção agrícola de 2018 também deverá superar as expectativas iniciais, sublinha o economista João Fernandes, da gestora Quantitas.
Isso significa que, com maior oferta de produtos, a tendência é de que os preços se mantenham comportados. O grupo alimentação e bebidas tem peso de mais de um quarto na composição do IPCA.
– Apesar de menor do que no ano passado, a safra em 2018 deverá vir mais forte do que se imaginava. Assim, a projeção é de que a inflação continue amena – resume Fernandes.
Outro fator apontado como responsável pelo IPCA em nível baixo é o próprio processo de retomada da economia pós-recessão.
– O desemprego continua alto. Ainda há grande capacidade ociosa na indústria. Com isso, as empresas podem produzir mais antes de aumentar os preços. É uma série de fatores que tem ajudado a inflação a ficar em patamar baixo desde o ano passado – frisa o economista-chefe da Geral Investimentos, Denilson Alencastro.