Escancarada com o anúncio de intervenção federal, a crise na segurança pública do Rio de Janeiro é um dos reflexos da penúria que atinge os cofres fluminenses. Em parte, as dificuldades financeiras brotam da combinação entre má gestão, desvios de dinheiro em esquemas de corrupção e frustração de receitas causada pela dependência dos royalties do petróleo.
Em 2016, o Rio arrecadou R$ 1,9 bilhão com os valores pagos por empresas produtoras para terem direito à exploração, informa a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O resultado representa queda de quase 40% frente às receitas com royalties em 2014.
– Com a alta na exploração do petróleo, a economia se acomodou. A dependência dos royalties foi um equívoco. Obviamente, com a queda no preço do petróleo a partir de 2015, o Estado explodiu. Chegou a uma quebra estrutural – assinala Istvan Kasznar, professor de Economia e Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Além dos obstáculos causados pelo petróleo, o Rio ainda foi atingido pela baixa na arrecadação do ICMS. O resultado também é conhecido pelos gaúchos: parcelamento de salários de servidores e renegociação da dívida com a União.
– A economia do Rio tem excelentes setores, como o de turismo. Mas navega em águas totalmente turvas – diz Kasznar.