Marta Sfredo
Em 2016, nesta coluna, o economista Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) focado em contas públicas deu o alerta: se o Brasil não tomasse providências para equilibrar as finanças, em três anos estaria na situação do Rio Grande do Sul, com atraso em pagamentos e dificuldades para manter serviços públicos básicos. A discussão sobre a regra de ouro levantada há cerca de 10 dias confirmou a tese. Foi suscitada pela previsão de que, para 2019, faltam R$ 200 bilhões para fechar as contas federais. O sinal de que o Planalto estudaria suspender a regra pesou na decisão da Standard & Poor's, que rebaixou a nota de crédito do Brasil na quinta-feira à noite, e cortou o rating de estatais, bancos e empresas privadas no dia seguinte. Otimista, Pessôa avalia que a campanha eleitoral deste ano pode encaminhar a discussão sobre como a sociedade quer resolver esse problema, com mais impostos ou mais privatizações. Não fazer nada, adverte, equivale a caminhar para a autodestruição.