No final de 2016, o Grêmio disputava a final da Copa do Brasil quando um patrocínio inesperado apareceu na camiseta. Era da Havan. A coluna quis saber porque a empresa não tinha lojas no Estado e ouviu o primeiro desabafo de Luciano Hang sobre as amarras ao investimento. Nesta quarta-feira (31), um sorridente Hang afirmou que o RS começa a “viver novos ares”. Talvez esteja otimista demais, considerado o resultado de três dias de debates inócuos na Assembleia Legislativa e as menções feitas a ele por lá.
Hang é controverso. No dia 5, convocou jornalistas para entrevista em sua cidade natal, Brusque (SC). Exibiu uma certidão criminal negativa. Explicou que era para rebater acusações recorrentes, como de lavagem de dinheiro e sonegação de divisas. Os processos prescreveram. O secretário do Desenvolvimento, Márcio Biolchi, negociava com Hang desde o ano passado – antes, portanto, da gravação do vídeo que correu no meio empresarial gaúcho.
Antes da reunião desta quarta, Biolchi enviou uma lista de municípios que já permitem abertura do comércio em sábados, domingos e feriados, requisitos exigidos pela rede com base em dados da Sala do Investidor. Na questão das PCHs, o licenciamento para as pretendidas pelo empresário está contemplado no destravamento anunciado em julho passado pela secretária de Ambiente, Ana Pellini. Ao menos uma licença deve sair até fevereiro, e outras duas estão bem encaminhadas. Apesar de já conhecer Hang há tempo, Biolchi ainda se surpreende com seu ritmo:
– Ele parece ligado em 360 volts.
Na freeway
A Havan já tem um terreno em Porto Alegre. Fica às margens da freeway, perto da Fiergs. Nas várias vezes em que conversou com a imprensa ao longo da tarde de nesta quarta, Hang fez questão de dizer que havia passado por Passo Fundo e Caxias do Sul no mesmo dia, e estava em Porto Alegre. Indagado se havia conversado com o prefeito Nelson Marchezan, respondeu “ainda não”, acrescentando que pretende fazer isso em breve. O empresário não esconde a mágoa que tem da Capital, mas interlocutores avaliam que dá cada vez mais sinais de que superou o episódio.
Efeito vídeo
Foi um vídeo compartilhado pelo presidente do Sindilojas, Paulo Kruse, durante uma feira de varejo em Nova York (NRF) que atraiu a atenção para as críticas de Luciano Hang sobre as dificuldades de investir no Rio Grande do Sul. E foi Kruse que acompanhou o dono das lojas Havan na audiência. O gaúcho observou que iniciativas como as de Hang poderiam representar uma alternativa para o cenário que se desenrolava do outro lado da rua – em vez de aprovar ou rejeitar, a Assembleia perdeu três dias em debates inócuos.
Quero porque quero
Além de ter tentado Porto Alegre, Hang quis construir loja de 20 mil metros quadrados em Canela, que teria réplica da estátua da liberdade. No padrão da Havan, tem 35 metros de altura. O município só autorizou a metade. Ele saiu e nunca mais voltou.
My precious
R$ 1,5 milhão é o valor de cada uma das réplicas da Estátua da Liberdade existentes em algumas – não todas – lojas Havan. São feitas de fibra, concreto e ferro.