Por um desses curiosos sincronismos, no dia seguinte à retomada da produção na Planta 2 da Celulose Riograndense a ES Logistics apresentou o "maior caso do RS" na Associação Comercial de Porto Alegre. A empresa fez o transporte aéreo de peças da caldeira de recuperação, equipamento que teve defeito na indústria de Guaíba e forçou a parada de quase três meses. Foram sete voos, alguns em Antonovs 124 (segundo maior do mundo), como o que pousou em Porto Alegre em setembro passado, vindo de Gotemburgo (Suécia). A fabricante do equipamento fica na Finlândia, vizinha da Suécia.
Fabiano Ardigó, diretor da ES, relatou momentos tensos, como o penúltimo embarque, quando o peso limite para transporte só foi confirmado com a carga já dentro do avião. O ponteiro oscilou, chegando a apontar excesso de peso, mas minutos depois a carga se equilibrou e ficou dentro do limite.
Para usar o aeroporto Salgado Filho, foi preciso um estudo feito em tempo recorde para autorização especial da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Tudo foi feito para que a retomada da produção ocorresse da forma mais rápida possível. No terminal gaúcho, a capacidade para pouso – já com pouco combustível – foi limitada a 40 toneladas. Ardigó afirmou que a experiência da ES pode representar uma revisão na capacidade de carga suportada pela pista atual do aeroporto. Até que a Fraport amplie a pista, como está previsto no contrato de concessão, o diagnóstico da Infraero é de que casos especiais sempre vão precisar de laudos específicos para a Anac.
Nesta terça-feira, em nota, o gerente-geral da empresa chilena dona da unidade de Guaíba, Hernán Rodríguez, afirmou que "tanto o fabricante da caldeira recuperadora como a equipe executiva e técnica de CMPC realizaram um importante esforço para reiniciar o quanto antes as operações da linha 2, sem deixar de cumprir como os parâmetros de qualidade e excelência dos trabalhos realizados". Depois de um período de testes, a produção de celulose foi retomado na segunda-feira (6).