Ainda há quem desdenhe o processo de mudança climática, apesar de todas as evidências. Se foi histórico, como celebrado pelos participantes, ou ainda tímido, como reclamaram ONGs, o mais provável é que o acordo de Paris, fechado no sábado, tenha sido as duas coisas. Histórico por ter chegado ao limite do que é possível fazer sem impor mais barreiras a uma economia global longe de seus períodos mais robustos, tímido porque não conseguiu cravar o teto admissível no aumento da temperatura do planeta em 1,5ºC – o texto promete "esforços para não superar esse limite".
A base de comparação da temperatura toma como base dados da era pré-industrial, mas é emblemática: não se trata de um debate sobre um risco, mas de uma decisão ratificada por 195 países sobre o caminho para impedir que ocorra o que seria inevitável caso nenhuma medida fosse tomada.
Um dos pontos mais frágeis, como sempre, foi o das finanças: ficou prolongado até 2025 o compromisso dos países desenvolvidos – os que mais geraram gases de efeito estufa até agora – de aportar US$ 100 bilhões ao ano para garantir que aqueles em desenvolvimento – que têm mais necessidade de industrialização e mais dificuldade de "descarbonizar" suas economias – possam suavizar os efeitos do aquecimento global.
E depois de 2025? O texto da COP21 não avança.
O Brasil não tem motivos para temer restrições ambientais: tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e um potencial inexplorado em energia eólica, solar, das marés e de biomassa. Mas é preciso dinheiro para transformar centenas de projetos e estudos em contribuição efetiva. Combater a mudança climática não é barrar o desenvolvimento: é fazer de outra forma.