Luís Augusto Fischer
Quando comecei a ler O Uraguai, o estranho e primoroso livro de Basílio da Gama (primeira edição em 1769), os esforços de decifração foram muitos. É um poema narrativo, com alguns traços de épico, concebido para louvar a ação do Marquês do Pombal na colônia brasileira mas que, no meio do caminho, topa com um problema maiúsculo: entre os personagens malditos, os jesuítas, e os benditos, os militares portugueses, estavam os índios da Missões. Basílio, talvez por intuição de artista mais do que por clareza ideológica, deu a palavra a alguns deles. Falam no livro Sepé Tiaraju, Cacambo e outros. E falam para arguir a lógica imperial portuguesa.
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