Porto Alegre pode ser endereço de uma noite para entrar na história do futebol brasileiro nesta quarta-feira (4). O Botafogo que chega campeão da América tem boas chances de sair daqui também campeão do Brasileirão. Repetirá, assim, o feito do Flamengo de Jorges Jesus, em 2019.
É bom que não apenas os colorados presentes no Beira-Rio estejam de olho nesse Botafogo, mas também os gremistas. Porque ali está um modelo de clube no qual precisamos analisar com muita profundidade. Não pelos títulos, pelo conjunto todo. Pela forma com que se reconstrói, pela gestão implementada, e, a mais visível ao torcedor, pela atuação no mercado de transferências.
O Botafogo, nesta mesma época do ano em 2023, deixou escapar o título brasileiro. O que o fez elevar sua régua para este ano.
Antes que alguém se antecipe para mencionar a fortuna estimada em mais de US$ 1 bilhão de John Textor, é bom lembrar que, entre jogadores comprados com valores europeus, há muitos nomes garimpados no mercado com um trabalho de scout de excelência.
Alexander Barboza veio do Libertad, sem custos. Igor Jesus, do Al Shabab. Alex Telles também veio sem custos, mas com salário elevado, pelos valores dos direitos econômicos diluídos ao longo do contrato. O que o seduziu foi o projeto apresentado. Savarino estava na MLS e veio para ser meia, não o extrema dos tempos de Atlético-MG. Gregore também foi buscado na MLS. Os dois, juntos, custaram pouco mais do que um Pavón. Ou mesmo um Thiago Maia.
O ponto aqui nem é comparar gastos, mas a estrutura que antecede a boca do caixa. O Botafogo de Textor é manejado com métodos e processos empresariais, calcula cada centavo e colhe, agora, os frutos de 30 meses de trabalho nos gabinetes.
Talvez o modelo adotado pelo clube, de SAF com bilionário estrangeiro ditando as regras, não se encaixe com a nossa cultura, de pertencimento e forte vinculação afetiva com as marcas. Porém, é urgente que se inicie a discussão sobre um modelo de investimento que caiba em nossa realidade.