Robert Renan errou. Foi presunçoso ao extremo ao cobrar um pênalti numa decisão daquela forma. Mas, aos 20 anos, quem nunca falhou por excesso de confiança? Quem nunca esteve no limite do risco? Jovens são assim. Não deveriam, ainda mais no esporte de elite.
Só que o Zenit liberou-o de graça justamente por entender que ainda precisava amadurecer nesse aspecto, e o futebol brasileiro poderia ser o lugar ideal. O Inter sabia disso quando o trouxe. Trata-se de um zagueiro com enorme potencial técnico que precisa evoluir sua compreensão do jogo, entender que borda do precipício fica longe da área. Se Robert fosse um atleta pronto, estaria na Rússia até agora.
Acompanhei, enquanto cobria a Seleção aqui em Madri, comentários e repercussões sobre o que ocorreu na segunda-feira (25). O torcedor é passional, alguns estavam à beira de uma síncope por nem chegar à final de um Gauchão desenhado para o Inter. O que fez com que as redes chegasse aquele momento em que ficam antissociais. Mas isso precisa ter limite.
Pedir rescisão de contrato de Robert Renan, apregoar que nunca mais vista a camisa do Inter ou que seja colocado para treinar em Marte, é típico dos dias de ódio em que estamos afundados. Vivemos a era do cancelamento. O tribunal digital condena sem dó. Ele errou um pênalti aos 20 anos. Não pode ser sentenciado ao linchamento.
Se a cada erro um jogador for limado, ninguém conseguirá completar um time ali na frente. O Inter vai chamar Robert para uma conversa séria, o cobrará, como precisa ser feito no esporte de elite e o orientará. Esse processo faz parte da construção de um atleta. Alguns, com 20 anos, já pularam essa etapa. Por isso, estão em clubes de ponta a Europa ou na Seleção.