Foram dois jogos contra duas campeãs mundiais, dois estádios emblemáticos e nenhuma derrota. Dorival Júnior começou sua passagem pela Seleção Brasileira com resultados excelentes. Só que, por trás dos placares, há sempre elementos que precisam ser olhados com calma. Mirar-se apenas pelo placar é uma armadilha que, invariavelmente, acaba te derrubando. O contexto desses dois confrontos, é claro, é favorável. Foram poucos treinos, comissão técnica e estrutura totalmente novas e atletas jovens, alguns estreantes. Só que a Seleção exigirá de Dorival, logo ali na frente, um jogo mais propositivo, um equilíbrio maior entre atacar e defender.
Os primeiros 45 minutos contra Inglaterra e, principalmente, Espanha foram preocupantes. No jogo do Santiago Bernabéu, o Brasil acabou envolvido de forma constrangedora. Escapou de sair para o intervalo com uma goleada. Acabou salvo pelo gol de oportunismo de Rodrygo, e pelas mudanças para o segundo tempo. Elas deixaram a equipe mais equilibrada e houve jogo. A seguir, algumas observações do que vi nestes dias em Madri acompanhando esta nova Seleção.
Como foram os jogadores da Seleção de Dorival
Bento: a Seleção tem um novo terceiro goleiro. O jogador do Athletico-PR chegou para tomar o lugar que foi de Weverton na última Copa do Mundo. Esteve um tanto inseguro na estreia, o que é natural, mas mostrou suas virtudes no Bernabéu. Aos 24 anos, pode ser o futuro titular depois deste ciclo. Alisson e Ederson, com 32 e 31 anos respectivamente, estão à sua frente.
Beraldo e Fabrício Bruno: os dois formaram uma zaga segura. Fabrício manteve na Seleção o nível do Flamengo. É rápido, tem imposição, sabe jogar. Beraldo é o Endrick da zaga. Tem 20 anos e joga como se tivesse 30. A Seleção deve, outra vez, repetir em sua defesa a dupla do PSG, já que um lugar é de Marquinhos.
Andreas Pereira: entrou nos dois jogos e melhorou o time. O gol de Endrick, em Wembley, começa por ele. Joga e marca. Tem qualidade de passe, dinamiza o jogo. Entrou muito bem contra a Espanha. Aliás, seu ingresso e o de André fizeram Paquetá crescer.
Paquetá: vai ser a referência técnica desta Seleção neste primeiro momento. Joga em alto nível, tem força, mostrou dinâmica. Precisa dar o salto do West Ham para um clube de ponta da Premier League, de preferência, para ter o reconhecimento que merece, de protagonista.
Rodrygo: é multifuncional ali na frente. Jogou centralizado, pela direita, pela esquerda. Também pode atuar como meia. Foi bem nos dois jogos, mas melhor ainda contra a Espanha. Se Vini Jr não consegue repetir as atuações do Real pela Seleção, Rodrygo joga até melhor de amarelo.
Endrick: sem sombra de dúvidas, roubou a cena nesta data Fifa. Entrou no decorrer dos dois amistosos e, mais do que marcar gols, jogou com personalidade. Buscou sempre o toque rápido, a troca de passes, fez pivô, sustentou marcação. A Seleção tem um centroavante titular.
Ganharam pontos
Yan Couto: entrou bem contra a Espanha. Oferece alternativa e é ativo no jogo.
André: guarda mais posição, joga diferente do que faz no Fluminense. Mostrou entendimento contra a Espanha.
Galeno: é mais um extrema rápido pela esquerda. Disputa lugar com Martinelli e ainda há Rodrygo e Savinho que jogam por ali. Entrou contra a Espanha e foi decisivo, sofrendo o pênalti.
Savinho: entrou pela direita contra a Inglaterra. Tem apenas 20 anos e faz temporada incrível no Girona. Contra a Inglaterra, esteve bem. Deve ganhar mais chances.
Wendell: enfrentou dois dos melhores extremas da Europa neste momento. Se virou bem, embora tenha sofrido contra Lamine Yamal em alguns momentos. Contra a Inglaterra, Foden caiu sempre pelo seu lado. Ganhou bons pontos.
João Gomes: foi muito bem contra a Inglaterra e mal contra a Espanha. Ele e Douglas Luiz parecem disputar a mesma vaga. Foram dois jogos contra duas campeãs mundiais, dois estádios emblemáticos e nenhuma derrota.