Depois de décadas sonhando com a reforma do seu estádio, em novembro de 2019 o Estudiantes de La Plata inaugurou o novo Uno y 57, como chama o Jorge Luis Hirsch. Os números dizem respeito ao nome das ruas que formam a principal esquina do terreno. Idealizado por Juan Sebastián Verón, que retornará à presidência em abril, o estádio é um dos mais modernos da Argentina e busca um conceito de uso sete dias por semana. Bom, isso vamos tratar mais adiante.
O que provocou reações da torcida do Grêmio sobre a casa de um de seus adversários na Libertadores foi, mesmo, o espaço destinado aos visitantes, localizado em um dos corners do estádio. Ele destoa do restante da construção e não é de graça.
Vamos lá. O projeto original previa dois tobogãs atrás dos gols, uma arquibancada de lance único, alto, numa lateral e o setor mais caro no lado oposto, com setor de cadeiras e três pisos de camarotes e espaços VIPs. Nesse lado, as duas esquinas eram fechadas com dois prédios. Porém, no oposto, os corners ficaram vazios. Não havia ligação entre os tobogãs e a arquibancada. Só no verão de 2022, o Estudiantes resolveu fechar um deles. Ergueu uma arquibancada sobre uma estrutura de aço. Ali, criou mais 2,5 mil lugares e ampliou a capacidade da sua casa para os 32.530 lugares atuais.
Em jogos do Campeonato Argentino, aquele espaço é ocupado pela torcida do Estudiantes. Porém, em partidas da Conmebol, é ali que ficam os visitantes.
O dinheiro da obra veio da participação no Torneio de Verão, comum no futebol argentino, e de economias feitas pelo clube. A obra ficou pronta em tempo recorde e foi usada já na Pré-Libertadores daquele ano.
Será ali que os torcedores do Grêmio ficarão no jogo válido pela terceira rodada do Grupo C. Estive no antigo Uno y 57, em um jogo pela Supercopa de 1997. Era um estádio acanhado, com cabines precárias, arquibancadas tubulares e cercado por árvores. Tinha a mesma estrutura usada na Batalha de La Plata, em 1983.
O estádio atual tem conceitos avançados. É sustentável, a iluminação, contratada à Phillips, é toda em led e adota o mesmo projeto usado nos estádios do Chelsea e do Atlético de Madrid. O UNO, como é chamado pela torcida, é conectado, com o sinal de internet chegando em todos os cantos — o que representa possibilidade de criar novas receitas a partir de ativações digitais.
O plano de explorar o estádio sete dias por semana foi colocado em prática. Um restaurante numa das arquibancadas permite sentar à mesa na beira do gramado para jantar, almoçar ou simplesmente fazer o happy hour. Os prédios abrigam museu, sala de e-sports e uma academia, que se apresenta como a primeira dentro de um estádio de futebol.
Para completar, o UNO está dentro de um cinturão verde da cidade. A cerca de um quilômetro, mora o rival, o Gimnasia. Ou seja, quem for conferir o Grêmio na Libertadores ainda pode visitar a casa do último trabalho de Maradona como técnico. O clube e a torcida fazem homenagens ao ídolo nos muros, conforme me contou em mensagem lá no meu Instagram (@O_leonardoliveira) o leitor Gabriel Luzzardi, que tem como um dos hobbies conhecer estádios pelo Interior e pelo Cone Sul.