Encarei o frio que congela a Europa e fui assistir a Barcelona x Atlético de Madrid. Vou te contar. Se estivesse chovendo canivete, ainda assim iria, porque são poucas as ocasiões em que se tem a chance de ver duas escolas tão distintas se enfrentando. Xavi e Diego Simeone pensam o jogo quase como dois esportes diferentes.
Há até uma tensão entre eles. Xavi, quando jogador ainda, concedeu uma entrevista em que criticava a forma de jogar do Atlético de Madrid. Disse que era uma ideia que se contentava com o 1 a 0. Aquilo feriu Simeone. Ele, no dia a dia, já é de temperamento forte. Imagina bravo. Sempre que pode, ele alfineta Xavi. Que pensa o jogo de forma mais elaborada. O tal futebol total, que ele tanto repete nas entrevistas, como a coletiva em que assisti no sábado (2), na Ciudad Deportiva.
Claro que a imprensa daqui da Espanha vendeu o jogo por essa diferença entre eles. E ainda pela rusga de João Félix — hoje no Barcelona — com Simeone, que o mandou adiante. E por Griezmann, que veio para o Barcelona e nunca conseguiu ser o jogador do Atlético e da França. Isso apimentou um jogo de primeiro nível.
O Atlético não é mais o time do 1 a 0. Joga quando tem a bola, sempre em transição, vertical. O Barça se encaixa outra vez, com Pedri no meio, De Jong carteando e Raphinha e João Félix agudos pelos lados. Mais do que individualidades, foi um duelo tático.
Se o campo tivesse 40 metros de comprimento, bastava. Foi nessa faixa de espaço que tudo sempre se desenrolou. O que deixou o jogo elétrico, disputado. O que ajudou a sentir menos os 10º C na beira do Mediterrâneo. ]
No final, o Barcelona levou a melhor, vencendo justamente por 1 a 0.