No começo de 2022, fiz o curso de diretor-executivo do FootHub, plataforma de ensino voltada ao futebol. As aulas eram online. No primeiro dia, trabalho em grupo. Um dos colegas era Alan Patrick. Ele recém havia voltado da Ucrânia.
Havia saído dias antes de estourar o conflito para fazer uma cirurgia de hérnia inguinal na Alemanha. De lá, voltou direto para o Brasil e, naquele momento, analisava propostas. Dias depois, acertou-se com o Inter, e nosso grupo perdeu o colega.
O que me chamou a atenção naqueles dois ou três dias de aula foi a maturidade de Alan Patrick e a clareza com que se expressava. O próprio fato de estar estudando e buscando conhecimento já dava mostras de que o período na Europa o tinha transformado.
Numa das aulas, com o executivo Alexandre Matos, ao dar um exemplo sobre os desafios de gerir um grupo com perfis tão diferentes, Alan foi usado como exemplo.
— Me deu muita dor de cabeça, né, Alan? — brincou Matos.
O meia exibiu um sorriso amarelo. Havia dado mesmo. Na primeira passagem pelo Inter e, depois, por Palmeiras e Flamengo, ele havia sido um jogador de comportamento fora dos padrões. A volta para o Shakhtar, onde emendou quase sete anos, mudou sua postura e evoluiu seu futebol.
A prova está neste retorno ao Inter. Em 2022, ainda careceu de ritmo e condicionamento. Tanto que fez apenas um jogo completo. Neste ano, são 46 partidas, sendo 20 completas. Os números em campo mostram o quanto virou uma peça central.
Conforme o SofaScore, é o goleador do Inter no ano, com 14 gols, lidera as participações em gols, com 23, passes decisivos, com 111, grandes chances criadas, com 15, cruzamentos certos, 37, e passes no terço final do campo, 609. O Inter tem 79 gols no ano, sendo que 30% deles têm participação de Alan Patrick. Aos 32 anos, ele vive a melhor fase na carreira.