Mais uma vez, o grande nome do Inter foi o goleiro John. E isso diz muito sobre como foi o fim de tarde de um domingo gelado no Beira-Rio. O empate sem gols com um Palmeiras que veio sem Rony e Dudu e lançou Endrick no segundo tempo. Mesmo assim, é verdade, se trata de uma equipe robusta. O ponto, porém, não é o Palmeiras, mas o Inter. Mais uma vez, faltou contundência.
No primeiro tempo, o time até foi mais incisivo, buscou o gol, atacou, criou duas situações. Uma delas com Enner, inclusive. É verdade que escapou de levar o 1 a 0 quando Veiga perdeu um gol que mostra o quanto o Palmeiras sente o momento. Ele errou livre, diante de John caído. Porém, no segundo, repetiu-se um roteiro das últimas partidas. O primeiro arremate a gol veio apenas aos 40 minutos do segundo tempo, em um chute fraco de fora da área.
A saída de Aránguiz, no intervalo, depois de acusar um desgaste muscular, desativou a construção do Inter. Por outro lado, o Palmeiras tomou conta da partida e foi cada vez mais se acercando do gol de John. Foram, pelo menos, três defesas decisivas do goleiro, o personagem da partida.
Quanto a Enner, Mano deixou-o mais adiantado e com liberdade de movimentação. Não fez com que ele jogasse de costas. Alan Patrick e Wanderson avançavam e se posicionavam mais perto dele. De Pena, um dublê de Mauricio, tentava fazer o mesmo. O equatoriano recebia a bola e partia para cima sempre, buscando o um contra um. Em desses lances, deixou Gustavo Gómez para trás. Ficou claro que o Inter tem um jogador de alto nível em seu ataque. Porém, ele ainda precisará de tempo para encaixar se a ideia de jogo for essa.
Ficou claro que Mano não pretende, pelo menos para começar, um sistema em que Enner case com Luiz Adriano. O que iria requerer uma reestruturação mais ampla do time. Afinal, está longe de ser apenas a inclusão de mais um atacante. Só que um movimento nesse sentido faria com que o Inter tivesse, mais rapidamente, o Enner dos 33 gols pelo Fenerbahce. Há uma expectativa alta dos colorados por esse jogador. Os mais de 41 mil que encararam um enregelante domingo para apoiar o time são prova disso.
As reações ao final, de descontentamento endereçadas a Mano, mostram que há também uma ansiedade para ver o time engrenar e combinar resultado e rendimento. O fato é que, passada a série de 10 jogos sem derrota, vieram três rivais de nível mais elevado. São apenas dois pontos em nove, ambos em empates sem gols no Beira-Rio. A combinação disso com a espera por Enner em alta performance explica as vaias do final.