A noite no Beira-Rio foi de receio, de medo e até de coragem de quem esteve no estádio para apoiar o Inter. Havia todas as recomendações para que se evitasse andar nas ruas, pela iminente chegada da Yakecan, a tempestade subtropical que deixou o Rio Grande sob o medo. Quem ignorou o estado de alerta e encarou o frio e a chuva no estádio acabou premiado com uma atuação de alto nível do Inter, o encaminhamento da vaga na próxima fase da Copa Sul-Americana e um show de Edenilson. De bola, de orgulho e, principalmente, de coragem nesta luta contra o preconceito.
No sábado, Edenilson saiu de campo como vítima de uma chaga que corrói a nossa sociedade. Ouviu uma ofensa racista de um companheiro de profissão e não silenciou. Três dias depois, ele gritou sem fazer barulho, mas com a cor da pele à mostra, o quanto precisamos evoluir como sociedade. Quem estava lá no Beira-Rio, na noite acossada pelo Yakecan, viu o quanto é importante não se calar e o quanto devemos firmar nossas posições.
Foi uma noite de Edenilson, pelos dois gols e pela sua manifestação. Mas foi também uma noite de avanços significativos do Inter em campo. Mano Menezes deixou claro o molde que usará para construir seu time. Há a solidez defensiva, passo inicial, e uma verticalidade quase em via expressa rumo ao gol.
Wanderson teve uma atuação de luxo e fez o Inter jogar na sua aceleração. Edenilson, pelo lado direito, David pelo meio e, nesta terça-feira, Mauricio, chegavam em bloco área adentro. Foi 2 a 0, mas poderia ter sido bem mais se o pé estivesse calibrado. O caminho é alvissareiro. Pela ideia de jogo adotada por Mano e pela força de reagir mostrada por Edenilson.