O Olimpia, o decano do futebol paraguaio, aos 118 anos de vida, vive dias nervosos. O atual campeão paraguaio, que comemorou no penúltimo dia do ano seu 45º título nacional, ainda não apareceu em 2021. Mesmo que, até segunda-feira (3), fosse um dos líderes do Apertura (estava empatado com o Libertad, que jogou contra o River Plate), o time ainda está longe de convencer.
Para completar, no sábado, perdeu o clássico para o Cerro Porteño no Nueva Olla, a casa nova e reluzente do rival. Lá, os clássicos também são contados um a um. Esse último foi o 311, e com a vitória, o Cerro abriu vantagem de duas vitórias sobre o Olimpia na história de confrontos pelo campeonato nacional.
O que é uma resposta pronta para o rival, quando os torcedores inflam o peito para dizerem que são tri da América e campeão do mundo, os únicos do país com conquistas fora do país e donos do apelido de "Rey de Copas".
Não bastasse tudo isso, os torcedores ainda viram o time fechar 90 minutos com apenas um chute no gol. O uruguaio Sergio Orteman, o segundo técnico nesta temporada, ainda não acerto a mão no time. Muda em todos os jogos não só a formação, mas também o sistema tático.
O resultado disso são atuações vacilantes e preocupação. Contra o Always Ready, o Olimpia perdia por 1 a 0 até os 26 do segundo tempo. Em casa, é bom que se diga. Quem mudou o jogo foi o veterano Roque Santa Cruz, que em agosto completa 40 anos. Sua entrada no intervalo melhorou a equipe e deflagrou a reação. Foi dele o gol de empate.
O problema é que Santa Cruz padece com dores no tendão de Aquiles e suporta apenas parte dos jogos. A discussão lá é se seria melhor iniciar com ele — ou seja, só muda o idioma, os debates são sempre os mesmos.
Aliás, Santa Cruz é só um dos veteranos que seguram as pontas nesse Olimpia, o que dá ideia da sua fragilidade. Na zaga, está Alcaraz, 38 anos e titular da seleção paraguaia — na Copa de 2010. No meio, Richard Ortiz, 30 anos, é o motor do time. Foi dele o segundo gol no Always Ready. Outro nome de relevo é o extrema uruguaio Alejandro Silva, 31, vice da Libertadores com o Lanús em 2017. Entre tantos medalhões, quem tem se destacado pela regularidade é o atacante Recalde, buscado no Libertad e vice-goleador do Apertura, com sete gols — o Olimpia inteiro fez 24.
Ex-gremista chega sob pressão ao Beira-Rio
Sergio Orteman foi anunciado como técnico do Olimpia há 45 dias. Capitão do clube como jogador, ídolo e um dos símbolos da conquista do tri da América, em 2002, o uruguaio chegou para suceder o argentino Néstor Gorosito. O título do Clausura 2020 não foi suficiente para segurá-lo depois de levar oito gols em dois jogos (4 a 1 para o Nacional e 4 a 2 para o Sportivo Luqueño).
Ex-volante de qualidade técnica e intensidade, Orteman, 42 anos, é aquele mesmo de passagem opaca pelo Grêmio em 2008. Sua chegada ao Olimpia para comandar o time surpreendeu, pela sua curta trajetória como técnico. Ele iniciou em 2017, no San Lorenzo, clube da região metropolitana de Assunção e pelo qual havia encerrado a carreira como jogador em 2015.
Pegou o clube na terceira divisão e o levou à elite em dois acessos seguidos e com títulos. Em 2019, manteve o clube na primeira divisão e saiu em julho do ano passado. Assumiu o Sol de América e caiu sem ganhar nem um jogo sequer. Por isso, sua chegada ao Olimpia retumbou. O mau rendimento da equipe já cria nos bastidores uma pressão pela sua saída. Ou seja, Orteman está prestigiado.