Não descartem um Inter com linha de cinco no Maracanã, com Rodrigo Dourado enfiado entre os dois zagueiros a formar uma barricada diante de Marcelo Lomba. Há sinais no Beira-Rio que apontam para uma postura extremamente cautelosa e talhada para, se não garantir o título no domingo, trazer a vantagem para defini-lo na última rodada.
Não seria nada mirabolante formar uma linha de cinco. Bastaria recuar Dourado para o meio dos zagueiros, em vez de deixá-lo como centromédio na frente da área. Seria uma forma de dar robustez à dupla jovem e que atuará junto pela primeira vez. Lucas Ribeiro tem apenas 22 anos e seu companheiro será alguém mais jovem. Aliás, Pedro Henrique, 20 anos, deve ser o eleito, já que Abel fez restrições a Zé Gabriel como zagueiro.
As dificuldades de se enfrentar uma linha de cinco foram apresentada a Abel pelo Sport, na semana passada. O Inter se viu diante de um paredão com duas torres dentro da área (Maidana, 1m95cm, e Thyere, 1m90), além de Adryelson, de boa impulsão. Além disso, Jair Ventura colocou dois volantes posicionados (Marcão e Betinho), abriu dois jogadores nos flancos e aproximou as linhas, deixando Dalberto como único atacante.
O ônibus estacionado na frente da área fez com que o Inter cruzasse 45 bolas (uma a cada dois minutos de jogo). Aliás, essa ideia de jogo foi consagrada por José Mourinho na Inglaterra e seu "park the bus".
O Flamengo, é evidente, apresenta bem mais recursos técnicos. É por isso que Abel pode apostar numa estratégia de fechar os caminhos dos atacantes. Na fase ofensiva, Rogério Ceni costuma adotar um sistema 3-2-5.
Traduzindo em nomes, segura Filipe Luís para formar um trio defensivo com Rodrigo Caio e Arão. Gerson e Diego são volantes construtores e trabalham para enfiar a bola à um quinteto agudo: Isla, como ponteiro-direito, Everton Ribeiro, partindo da direita para o meio, Gabigol, Arrascaeta, como um meia que joga entre as linhas adversárias, e Bruno Henrique, no flanco esquerdo. Seria linha de cinco contra linha de cinco, com dobras feitas por Edenilson, Praxedes, Patrick e Caio Vidal.
O plano não passa apenas por se defender. A retomada de bola exigirá transição rápida, principalmente dos meias (Caio Vidal, Edenilson e Patrick) e dos laterais. Rodinei, que, apostem, jogará Maracanã, e Moisés são potentes no apoio.
Esse sistema de jogo, embora blinde a defesa, exige ser agressivo com a bola. É uma receita parecida com a já usada por Abel. Só que temperada com mais resguardo.