Os açorianos, pelo jeito, redescobriram Porto Alegre. Pelo menos, os que comandam o Santa Clara, o pequeno clube do arquipélago de onde vieram, em 1752, os 60 casais que iniciaram o povoamento da capital gaúcha. Só para registrar, esses 60 casais pararam aqui por acaso.
Eles foram enviados pela coroa portuguesa para se instalar nas Missões, recém trocadas com a coroa espanhola pela hoje uruguaia Colônia de Sacramento, às margens do Rio da Prata. No ano passado, o Santa Clara refez esse caminho para levar o meia Lincoln como reforço para a segunda temporada seguida na primeira divisão. Deu certo. O clube faz campanha acima das expectativas e, hoje, ocupa o oitavo lugar.
O sucesso do meia de 21 anos, que parece engrenar na carreira, fez os açorianos espicharem o olho para a Arena outra vez. O goleiro Phelipe Megiolaro e o meia Jhonata Robert estariam na mira.
Megiolaro, jogador com trajetória em seleções de base, é atualmente o quinto da posição no Grêmio. Aos 21 anos, fez dois jogos no ano passado. Estava cotado para ir à Olimpíada, valorizado pelo histórico na CBF e pelos elogios de Taffarel. Jhonata, também de 20 anos, estava no Cruzeiro até o final da semana passada e teve a volta solicitada pelo Grêmio.
Investimento
O Santa Clara observa os dois guris como um investimento no futuro. O salto do clube aconteceu depois da entrada, em junho de 2017, de um investidor de Cingapura que atua no mercado imobiliário em Portugal. Ele comprou 47% das ações e injetou receita.
Não à toa, no final da temporada seguinte, o clube subiu à elite depois de 15 anos lutando contra o rebaixamento na segunda divisão. Nos últimos dias, os gestores comemoraram a liberação do governo de Açores para a construção de um CT para formação de craques. São esses açorianos, calçados pelo dinheiro asiático, que garimpam duas joias na Arena.