O Botafogo levou 3 a 0 do Pachuca, antepenúltimo no Apertura mexicano, com três vitórias apenas em 17 jogos. O melhor time do ano na América do Sul volta de Doha carimbado por uma goleada que precisa ser colocada na conta desse calendário absurdo ao que os clubes brasileiros são submetidos.
O Botafogo fez, contra o Pachuca, seu 75º jogo no ano. O Pachuca, o 48º. O Real Madrid, já garantido na final, tem 54. Os mexicanos, pela eliminação na fase classificatória do Apertura da Liga MX, fizeram o último jogo dia 9 de novembro. O Botafogo emendou em 10 dias uma decisão de Libertadores, o jogo contra o Inter, no Beira-Rio, e a partida do título brasileiro contra o São Paulo, com a carga de quem buscava essa conquista havia 29 anos e embarcou para 15 horas de viagem e seis horas de fuso. É uma crueldade submeter nossos clubes a essa insanidade de jogos.
Espero mesmo que, com as SAF's e a profissionalização dos nossos clubes, venham também ares que arejem a cabeça dos dirigentes. A equação é simples, menos é mais. Menos jogos, mais qualidade no produto; menos jogos, mais jogadores descansados; menos jogos, mais proteção aos atletas; menos jogos, mais procura dos fãs.
O Botafogo esperou sua vida toda por esse momento, de poder enfrentar um europeu pelo título mundial, prêmio dado ao campeão da América. Pelas alterações implementadas pela Fifa, essa oportunidade viria nesse primeiro momento no Intercontinental.
A espera acabou em 90 minutos que cobraram o preço de quem precisou jogar 75 vezes para estar ali. Que sirva de exemplo e de combustível para debater cada vez com mais vigor o calendário absurdo a que nossos clubes são submetidos.