Um primeiro passo. Será isso e, não mais do que isso, o retorno da dupla Gre-Nal aos treinos nesta semana. O segundo passo, lamento informá-los aqui, ainda levará muito tempo. Ou seja, passar dos treinos físicos, em grupos de cinco jogadores e com distanciamento entre eles, para os trabalhos coletivos exigirá um bocado de tempo e (mais) paciência. Pensar em jogos, nesse ritmo, é algo para mais adiante.
A entrevista elucidativa do prefeito Nelson Marchezan Júnior deixou claro que há uma pressa um tanto inexplicável para fazer a bola rolar. Estamos ainda em uma luta franca e direta com o coronavírus, em um estágio no qual o mais importante é seguir os protocolos parar suportar o seu pico, esperado logo ali adiante. Por isso, ao ser questionado sobre a volta do futebol, Marchezan respondeu com uma frase que resume bem o enfrentamento a essa pandemia: "Cada agonia no seu dia".
O Inter volta aos treinos na terça-feira (5). O Grêmio, possivelmente, na quarta. É um alento, claro. Mas daí até ver os times em campo nos exigirá uma generosa dose de paciência, algo que me parece estar em falta nesse momento decisivo da quarentena. Primeiro, porque temos restrições sanitárias a serem obedecidas.
Depois, porque a Dupla e os demais times vivem em mundos diferentes. A segurança que eles conseguem proporcionar para seus jogadores é algo surreal para a realidade dos clubes do Interior, que vivem com dinheiro contado para cumprir quatro meses dignos no Gauchão.
Há um ponto básico nesta discussão sobre a retomada do futebol por aqui: saber quem está e quem não está imune à covid-19. Não há sinal de que os jogadores dos outros 10 clubes serão testados, como exigem os protocolos mais básicos. Por uma razão simples, faltam testes aqui no Brasil.
O Grêmio importou 300 kits da Coreia do Sul e, na sexta-feira, estava rastreando-os. Nem estou falando de quem pagará. Esse é um segundo ponto, bastante intrincado, aliás. Ninguém quer assumir essa conta. Por tudo isso, a volta aos treinos é o primeiro passo. O segundo, infelizmente, me parece ainda distante no horizonte.