O sonho do título da Copa do Brasil esfarelou-se numa noite de festa, de multidão e de um Inter que sucumbiu em seu nervosismo e também em suas limitações. Havia um clima de excitação e euforia numa atmosfera vermelha. A torcida preparou tudo para o título.
Armou uma recepção apoteótica para a delegação, cantou, empurrou o time o tempo todo. O problema é que o time emperrou, ficou travado em seus nervos e sentiu falta da mão segura de D'Alessandro. A ausência do argentino tirou um bom tanto da serenidade do Inter e também o deixou carente de criatividade. Havia energia de sobra, mas faltava alguém que a canalizasse de maneira adequada.
Odair saiu com um trio ofensivo formado por Wellington Silva, Guerrero e Nico. Atrás deles, o tripé de volantes. No meio, um hiato. Assim, a bola saía direta, quase expressa para Guerrero jogar a sorte contra os zagueiros. A bola batia e voltava. Numa dessas, voltou no pé de Rony e, do pé dele, para o de Leo Cittadini e dali para o gol. O prejuizo só não foi maior porque o empate veio logo.
Odair lançou as armas que tinha. Buscou, mandou o time à frente. Mas as mudanças, combinadas com a angústia pela passagem do tempo, pioraram o time. O final do que era para ser de festa acabou da pior forma. O gol de Rony teve na origem um drible de letra de Cirino em Edenilson. Finalizou de forma cruel uma noite em que mais de 50 mil colorados se prepararam para abrigar uma festa memorável.
Lições
A derrota dói, castiga a alma e ainda vai martelar por alguns dias. Embora a reação precise ser rápida. Mas ela deixa lições, e o Inter precisa estar atento para captá-las. Faltou qualidade ao Inter na hora decisiva. Qualidade de grupo.
Odair Hellmann careceu de alternativas, de jogadores com características que o permitissem pensar mais o jogo em vez de apenas transpirá-lo e tentar construí-lo na base da imposição. Foi assim que o Inter chegou até a final, é verdade.
Mas há momentos que exigem uma maior inspiração. A final da Copa do Brasil deixa esse caminho apontado para 2020, de que é preciso equipar de forma criteriosa o grupo. D'Alessandro não será eterno, e o jogo desta quarta-feira o quanto é grande o vácuo que ele deixará logo ali na frente.