Seja de fraldinhas, de juvenis ou mesmo com reservas, como promete ser o do cair da noite deste sábado, no Beira-Rio. Não existe Gre-Nal que passe despercebido. Há três ou quatro verões, andava de carro em Xangri-lá, no Litoral Norte, quando a rua em que estava acabou numa praça lotada de veranistas com camisas do Grêmio de um lado e do Inter do outro.
No campo de grama, veteranos disputavam um Gre-Nal. Depois, descobri que não era um clássico, mas O Clássico tradicional de todos os verões naquela praça. Havia até alguns conhecidos, como o ex-vice presidente de marketing do Inter Otávio Rojas, um empenhado lateral-direito, e o à época presidente do Tribunal de Justiça, José Aquino Flores de Camargo, um meia habilidoso e clássico. Claro que estacionei o carro para assistir àquele Gre-Nal.
Ninguém resiste a um jogo que coloca azul e vermelho frente a frente. Será assim neste sábado. Everton, D’Ale, Guerrero, Geromel, Kannemann, Cuesta, nenhum deles estará em campo. Nem precisa, a rivalidade basta. Seria melhor com eles? Claro que seria. Mas ninguém deixará de ir ao Beira-Rio pela ausência dos titulares. Até porque o Gre-Nal deste sábado também tem cara de um Gre-Nal do amanhã. A escalação de times reservas abre espaço para guris em busca de afirmação.
São os casos de Rodrigues e, principalmente, Pepê no Grêmio. Pelo lado do Inter, Heitor pode fazer do Gre-Nal 421 o seu cartão de apresentação, e Nonato, o de recuperação. O quarteto chega com trajetórias distintas, mas status parecidos ao Beira-Rio.
Pepê está a um passo de se tornar o agora no Grêmio. Aos 22 anos, o guri trazido em segredo do Foz em agosto de 2016, para driblar o assédio de Inter e Athletico-PR, surge como um sucessor natural de Everton. Tanto que os gremistas nem sentem um frio na espinha quando percebem que os dias do Cebolinha na Arena estão contados. Sabem que Pepê acelerará pelo lado do campo quando virar titular.
O estágio de Rodrigues está mais atrasado. O potiguar de Arês, cidade a 30 quilômetros do paraíso que é a Praia de Pipa, foi crescendo de rendimento à medida em que trocava de nome. Veio do ABC como Tonhão, depois virou um espanholizado Rodriguez e, por fim, quando ganhou chance no time principal, teve o batismo definitivo de Rodrigues, com S, brasileiro legítimo. O Gre-Nal 421 pode ser um passo definitivo para ele. Afinal, clássicos garantem pontos valiosos para zagueiro que sai incólume nesses confrontos.
O mesmo vale para Heitor. Sua primeira amostragem foi excelente. Teve uma atuação firme e correta contra o Athletico-PR no último domingo. Sobreviveu ao insinuante atacante Roni, que três dias depois calaria um Maracanã lotado contra o Flamengo. Heitor também soube entender a velocidade do jogo no gramado sintético. Não era a melhor tarde para estrear, mas ele saiu ileso.
O guri criado no Progresso, que já forjou Emerson, Taison e Dourado, surge como promessa numa lateral direita em crise técnica no futebol brasileiro. Sua caminhada, porém, exige esse passo à frente no Gre-Nal.
Foi esse passo que Nonato errou no primeiro clássico de 2019. A expulsão ainda no primeiro tempo abalou o meio-campista de tal forma que precisou de um período para digerir tudo e voltar fortalecido. É o peso do Gre-Nal. E o que faz dele um jogo capaz de nos roubar atenção inteira. Seja jogado por juvenis, veteranos como aqueles da praia ou mesmo por reservas, como será o deste sábado, no cair da noite em Porto Alegre.