Em 27 de setembro, neste mesmo espaço, alertei para uma mudança financeira que sacudiria a vida dos clubes em 2019. Pelo novo contrato de televisionamento do Brasileirão fechado com Rede Globo para TVs aberta, fechada e pay-per-view, há a adoção do modelo inglês de distribuição de renda, com suaves mudanças nos percentuais. O que significa isso? Em vez de receber um valor anual pré-definido, parcelado em 12 vezes, os clubes da Série A terão apenas 40% dos direitos de TV em valores fixos. Os outros 60% serão variáveis e dependerão da exposição nas telas e da venda de pay-per-views (30%, que serão pagos todos os meses, a partir de junho) e da posição na tabela ao final do campeonato (30%, a serem pagos em dezembro).
No caso da dupla Gre-Nal, a porção fixa corresponde a R$ 22 milhões para cada um. A coluna conversou com o responsável pelas finanças do Grêmio para saber como o clube se preparou visando a essa mudança no fluxo de caixa.
O Tricolor vem desde agosto de 2017 ajustando suas contas para se adequar ao novo modelo de contrato da TV. A partir de um minucioso trabalho de gestão financeira, o clube agiu para desonerar outros compromissos bancários que estavam previstos para o primeiro semestre de 2019. A fatia do orçamento de 2018 referente a empréstimos a pagar e a amortização de juros será bem menor na previsão do próximo ano. Essa medida ajudará a minimizar o impacto que causará a redução no fluxo de caixa.
Em números, o Grêmio prevê redução no ingresso na TV entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão. Porém, a reorganização financeira implementada permitirá economia de R$ 3 milhões mensais no primeiro semestre. Especialistas em finanças dos clubes apontam o Grêmio como o clube melhor preparado para esse novo cenário - ao lado de Palmeiras, que tem a parceria da Crefisa, e Flamengo, cuja receita é muito maior.