O Inter havia saído do Gre-Nal da Arena com um 0 a 0 conseguido a ferro e fogo e um preocupante 16º lugar na tabela. Dias depois, o clube anunciou no site oficial a saída do diretor executivo Jorge Macedo. Quase cinco meses depois, ele volta ao Beira-Rio com o Vitória, o clube que assumiu duas semanas de ser demitido. Por telefone, Macedo revela ainda algum aborrecimento com a saída. Principalmente pelo fato de que a aposta no vestiário era de que, passadas as espinhosas primeiras cinco rodadas, viria o crescimento do time. Porém, o momento do Vitória não deixa quase nenhum espaço para remoer o passado. Macedo implementou uma reformulação no grupo e trocou o comando, com Carpegiani no lugar de Vagner Mancini. Vieram no recesso da Copa oito jogadores (um deles, o ex-colorado Bruno Gomes, já saiu e voltou para Portugal) e foram pinçados do sub-23 criado por ele alguns nomes novos que viraram titulares, entre eles o zagueiro Lucas Ribeiro, 19 anos e chamado para a seleção sub-20. Por telefone, direto do Barradão, o executivo conversou com a coluna.
Como será esta volta ao Beira-Rio?
É complicado, ainda. Foram 22 anos de clube. Mas estou feliz pelo momento que vive o Inter, tinha certeza de que seria dessa maneira. Sabíamos que o começo (do Brasileirão) seria complicado e que melhoraria depois. O fato é que a gente precisa pontuar em Porto Alegre e sabemos que o Beira-Rio estará lotado. Será um dia emocionante para mim, ainda mais por ter grandes amigos, a diretoria, os jogadores, o presidente Marcelo Medeiros, que faz um excelente trabalho. Será difícil, embora já tenha enfrentado o Inter uma vez, com o Flumiense, em 2016 (o 2 a 2 que acarretou na queda de Falcão).
Ficou algum aborrecimento, algum resquício de frustração por sair em meio ao trabalho?Sempre fica um pouco, mas a gente tem de virar a página. A gente fica chateado, acreditava que vinha fazendo um bom trabalho e colheria os frutos. Isso, eu comentava com todo mundo. São cosias do futebol, minha saída se deu um mometno de muita pressão. A direção tem todo o direito de fazer as mudanças, tinha os motivos dela. Sou profissional e preciso entender dessa forma, mesmo tendo vivido 22 anos dentro do Inter. Acho que ajudei a construir um pouco dessa história recente do clube. Cheguei em 1996, com duas saídas no período (ambas para o Fluminense). Estou em um ciclo novo, vida nova. Logo em seguida tive a chance no Vitória, que me acolehi muito bem. O trabalho vem sendo bem feito.
Pelo que você conhece do grupo do Inter, aposta na conquista do Brasileirão? Apontaria como favorito?
O Inter tem grande potencial, principalnmete pelo grupo, pelo trabalho da comissão técnica. A chegada do Rodrigo (Caetano) ajuda muito nesse processo. O grupo tem muita qualidade para manter essa posição (de candidatao ao título). Está focado e numa só competição.
Vocês imaginavam no início do Brasileirão que o time estaria na disputa do título?
A gente esperava estar brigando entre os quatro lá de cima, Sabia que o grupo tinha condição de disputar a vaga direta (à Libertadores). A questão de ser campeão, vemos cinco, seis clubes com potencial. Dependerá muito do que acontecerá na reta final, O Palmeiras é muito forte. Perdemos para os reservas dele aqui no Barradão e, ao final, nos impressionou a competitividade do time. Acho que é um dos grandes rivais do Inter.
E o Vitória, qual o estágio do time neste momento?
Tivemos uma alteração no comando (saiu Vagner Mancini e entrou Paulo Cézar Carpegiani). Sabemos da necessidade de revelar jogadores, de resgatar um DNA que o Vitória sempre teve. Colocamos em operação um projeto de time sub-23 e hoje temos três meninos que vieram de lá no time titular: Lucas Ribeiro, zagueiro de 19 anos e convocado para a seleção sub-20, Léo Gomes, volante de 22 anos, e Léo Ceará, atacante. Esse jogador, recuperamos. Ele estava no Confiança-SE e chegou a ser proibido de treinar no clube. Tinha um contrato até o final da Série C lá. Eu o conhecia de um torneio sub-20, em que o Inter foi campeão sobre o Vitória. Na final, ele fez o gol. Quando cheguei, perguntei por ele e soube da situação. Conversei com ele e o convenci a renovar e apostar no projeto. Ele já tem dois gols no Brasileirão. Estamos com um grupo bastante mesclado. No último jogo, tínhamos sete oriundos da base, incluindo o goleiro. Os clubes precisarão muito dos jogadores formados em casa, pelas dificualdes que virão com as novas regras de televisionamento.
Qual a matemática do Vitória para fugir do rebaixamento?
O número mágico é 45. Nos faltam 16 pontos para atingir. Teremos mais seis jogos em casa. Precisamos somar esses pontos o mais rápido possível para evitar o sufoco dos últimos anos. E também porque nossa reta final tem Cruzeiro, fora, Grêmio, em casa, e Palmeira, fora.