Há alguns dias, a La Liga, organizadora do Campeonato Espanhol, celebrou contrato para realização de jogos da competição nos Estados Unidos já a partir desta temporada que se inicia. O acordo prevê partidas envolvendo, principalmente, Barcelona e Real Madrid. Como estratégia de marketing, um passo espetacular em um novo mercado. Mas só que a La Liga se esqueceu que na Espanha os jogadores tomam posição. Esqueceu-se também de ouvi-los sobre essa mudança.
A reação foi imediata. Nesta quarta-feira, em Madri, capitães e mais alguns jogadores de 14 clubes da elite se reuniram na sede da Associação dos Futebolistas Espanhóis para discutir a mudança. Saíram de lá com a ideia de fazer greve caso não sejam chamados para tratar do tema. Entre os presentes, estavam grandes nomes do futebol mundial, como Sérgio Ramos e Nacho, do Real, Busquets e Sergi Roberto, do Barcelona, e Juanfran e Koke, do Atlético de Madrid. Havia até um brasileiro, o centroavante Léo Baptistão, do Espanyol.
O movimento dos espanhóis bem poderia inspirar os brasileiros aqui da nossa Série A. São eles os mais prejudicados pelo calendário estapafúrdio montado pela CBF e aprovado pelos clubes. São eles que entram em campo em data Fifa enquanto o mundo todo para. São eles que enfrentam jogos a cada 72 horas com viagens desgastantes entre cada um.
Nesta semana, em que os clubes "descobriram" que haverá clássicos e até semifinal de uma Copa do Brasil que vale R$ 50 milhões na data Fifa, não qualquer posicionamento dos jogadores. Nem mesmo quando se sugeriu adiar a rodada e apertar o calendário logo ali na frente. Está na hora de nossos jogadores começarem a tomar partido em defesa de um futebol mais organizado e menos extenuante para eles mesmos. Quem sabe alguém tome a dianteira e retome o Bom Senso FC? Tenho certeza de que um grande ídolo falando repercute bem mais no torcedor e reacende com bem mais força o debate.