A estreia da Seleção Brasileira na Copa 2018 passou pelo Humaitá. Coube ao coordenador de análise de desempenho do Grêmio, Lucas Oliveira, 32 anos, esquadrinhar a Suíça. Tite chegará à Rostov Arena no dia 17 de junho com todos os segredos rival.
Na semana passada, dias antes de a delegação embarcar para Londres, Lucas apresentou seu relatório à comissão técnica da Seleção na Granja Comary. Nesta quarta-feira, horas antes de o Grêmio receber o Fluminense, Lucas atendeu à coluna.
Primeiro, se desculpou pelos seguidos adiamentos do nosso bate-papo. O que é compreensível. Numa rotina de dois jogos por semana, o tempo do analista e de sua equipe ficou exíguo. Confira nossa conversa.
Como surgiu o convite da CBF?
A ideia é parte de um projeto da CBF. Foi feito um sorteio para participação dos clubes na análise de desempenho dos adversários. Isso foi no final de 2017. Nesse sorteio, o Grêmio ficou incumbido de analisar a Suíça e o Marrocos. Nessa época, estava no Atlético-PR, que havia ficado com a Islândia e a Coreia do Sul. Quando voltei ao Grêmio em janeiro , passei a monitorar a Suíça e o Marrocos.
Você analisou o Marrocos também?
Sim, mas o Tite preferiu dar ênfase aos três primeiros adversários e fazer observações in loco deles na última data Fifa. Assisti ao amistoso da Suíça contra a Grécia, em Atenas, e o Panamá, em Lucerna. Aqui, com os companheiros de departamento de análise e desempenho do Grêmio, fizemos análises de outros jogos da Suíça nas Eliminatórias. Isso culminou com o convite de fazer a apresentação pessoalmente para eles (comissão técnica) na Granja Comary.
Como funcionou essa relação dos analistas de desempenho com a Seleção? O Avaí apresentou a Costa Rica, e o Sport, a Sérvia.
Eles (comissão técnica da CBF) criaram um servidor, um local de acesso em que os analistas podem inserir o que forem fazendo das análises dos adversários. Cada um vai colocando as informações levantadas dos adversários. A gente (analistas dos clubes) dá o suporte, e eles são quem gere essas informações todas.
Esse modelo de trabalho mostra o quanto o Tite tem o poder de agregar, de engajar todos em torno da Seleção.
A ideia da CBF de contar com os analistas é no sentindo de contribuir com novas informações, para enriquecer o debate e a análise feitas pelos analistas e auxiliares da Seleção. Todos acabam crescendo, participando. Eles pedirem ajuda para os clubes foi importante, uniu todo mundo e a classe (dos analistas) também.
Voltando à sua observação da Suíça. Quantos dias foram na Europa?
Fiquei nove ou 10 dias. Peguei a data-Fifa de março, dois jogos em intervalo de cinco ou seis dias. Foram apenas os jogos, não acompanhamos os treinos, por serem quase todos fechados. Todo o material analisado vai de encontro aos parâmetros de análise requisitados pela CBF. A comissão técnica nos deu todo o suporte sobre o que analisar e observar.
Como foi apresentar o trabalho para a comissão técnica? Havia ali, além do Tite e do Cléber Xavier, nomes como o Taffarel?
Cara, foi espetacular. Já tinha trabalhado na CBF entre 2011 e 2013, fui analista das seleções sub-15, sub-17 e sub-20, com o Ney Franco, e na seleção olímpica. com o Mano Menezes. Já conhecia algumas pessoas. Foi muito bom, fizemos uma reunião bem longa, mais de três horas. Eles nos proporcionaram que ficássemos muito à vontade.