A Praça Coronel Pedro Osório, em Pelotas, está rodeada de lindos edifícios, lembranças dos áureos tempos da Princesa do Sul. O prédio da Empresa de Pompas Fúnebres Moreira Lopes não é o maior, nem o mais belo, mas a fachada desperta a atenção daqueles que passam em frente. Os mais curiosos tentam espiar na porta que preserva vidros franceses. Uma cortina na recepção esconde os caixões.
A Moreira Lopes realiza o sepultamento de desconhecidos e ilustres cidadãos da cidade desde 1882. A empresa pelotense se apresenta como a funerária mais antiga do Brasil. O primeiro prédio era no estilo colonial. Depois da reforma feita em 1922, as duas casas geminadas ganharam nova fachada no estilo art nouveau.
A revista Illustração Pelotense publicou foto do proprietário, Dario Moreira Lopes, em frente ao "suntuoso prédio" após a conclusão da obra. A Casa Moreira Lopes fez, por exemplo, em 1931, o sepultamento do coronel Pedro Osório, político homenageado no nome da principal praça de Pelotas.
A família Luz é proprietária da empresa desde 1946. Lívio Louzada Luz comprou a tradicional funerária, contrariando a recomendação do pai, Francisco de Paula Luz, dono da concorrente Casa Luz. A família ficou com as duas funerárias até a morte de Francisco.
Na recepção, fotos na parede recordam do tempo das carruagens para transporte dos mortos até o cemitério. Elas eram puxadas por quatro cavalos, cobertos por redes ou capas de veludo.
A funerária é administrada hoje por André Luz, neto de Lívio. Ele segue na atividade do bisavô, do avô e do pai, Loir.
— Meu filho de 10 anos já fala em trabalhar na funerária, uma tradição familiar — avisa Luz.
Sobre episódios inusitados na Casa Moreira Lopes, o proprietário recorda de uma "pegadinha" no passado. Um marido "engraçadinho" simulou a própria morte. Quando chegou à funerária, a esposa tomou um susto com o "morto" saindo do caixão.
A funerária ocupa apenas uma das casas geminadas. A outra, que era moradia, foi vendida pela família.
O prédio é inventariado como bem cultural do município e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).