Em uma história de 221 anos, a Santa Casa de Porto Alegre tem muitas datas marcantes. Fundada em 19 de outubro de 1803, inaugurou as primeiras enfermarias apenas em 1826. A conclusão das obras ocorreu depois da criação da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, que comemora 210 anos.
A construção do prédio no topo da colina parou em 1806 devido à morte do engenheiro Francisco João Roscio. Em estruturas improvisadas, os pacientes já recebiam atendimento. Em dezembro de 1814, em busca de uma solução para a retomada da obra, os "homens bons", moradores ricos da cidade, criaram a irmandade, que ficou responsável pela administração.
A Misericórdia é um modelo de instituição portuguesa para atendimento de saúde e caridade. Em 1827, chegou de Lisboa o regulamento para o funcionamento. Ele guiou o trabalho da entidade até 1857, quando foi redigido o primeiro da Santa Casa de Porto Alegre, adequado à realidade regional.
O primeiro livro para ingresso de Irmãos foi aberto apenas em 1825 pelo provedor José Feliciano Fernandes Pinheiro, Visconde de São Leopoldo, presidente da província. Em quase dois séculos, a lista de irmãos e irmãs tem mais de quatro mil nomes. As mulheres só passaram a integrar a irmandade na década de 1890.
Os irmãos e irmãs indicam provedor, vice-provedores, mesa administrativa e conselho fiscal. Desde a crise financeira das décadas de 1970 e 1980, a Santa Casa tem também uma diretoria-executiva. A irmandade é composta de pessoas de vários segmentos da sociedade.
O Arquivo Central do Centro Histórico-Cultural Santa Casa guarda, organiza e disponibiliza um rico acervo. Com base nos documentos, foram editados dois volumes digitais do livro Provedores, Irmãos e Irmãs da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre: Registros da História (1803-2023), organizados por Véra Lucia Maciel Barroso e Edna Ribeiro de Ávila.