O imperador Dom Pedro II autorizou, em 19 de junho de 1872, o funcionamento da Companhia Carris de Ferro Porto-Alegrense. O decreto aprovou os estatutos da empresa de bondes. Com 152 anos, a empresa testemunhou grande parte da história de Porto Alegre, inclusive as três maiores enchentes.
A nova empresa de bondes chegou para substituir a pioneira, que operou de forma precária na cidade a partir de 1864. A Carris teve Themistocles Petrocochino como primeiro diretor-presidente, eleito em assembleia dos acionistas. Os veículos foram importados dos Estados Unidos.
A garagem ficava na atual Avenida João Pessoa. Em trilhos de madeira, os bondes eram puxados por mulas ou burros. Inaugurada em 4 de janeiro de 1873, a primeira linha ligava o Centro ao bairro Menino Deus.
Poucos meses depois do início da operação, a Carris enfrentou a primeira enchente. Em 4 de outubro de 1873, um sábado, a circulação dos bondes foi interrompida, porque a ponte sobre o Riacho (Arroio Dilúvio) estava coberta de água. O Menino Deus ficou inundado. Porto Alegre estava com aproximadamente 45 mil moradores. O Guaíba teria atingido 3m50cm.
As operações voltaram a ser afetadas em outras enchentes nas décadas seguintes. Em 1941, foram muitos transtornos. Em 1º de maio, as linhas São João e Navegantes deixaram de circular devido à inundação de parte dos trilhos. Os problemas foram agravados nos dias posteriores, afetando as outras rotas devido à água nos trilhos e à falta de energia elétrica em Porto Alegre. Desde 1928, a Companhia Carris Porto-Alegrense estava sob controle da empresa norte-americana Electric Bond & Share, do grupo General Electric.
Na década de 1950, a prefeitura de Porto Alegre encampou a Carris. Os bondes deixaram de circular em 1970, ficando apenas a frota de ônibus. Desde janeiro de 2024, a Companhia Carris Porto-Alegrense foi privatizada. Com 257 veículos, transporta aproximadamente 150 mil passageiros por dia na cidade.
Durante a enchente de maio de 2024, algumas linhas foram suspensas e outras tiveram desvios de rota em decorrência da água. O serviço chegou a ter queda de 70% no número de passageiros. A Carris ajudou no transporte de desabrigados e frete de doações. Atuando junto à Central de Transporte Enchente, realizou mais de 1,4 mil missões de ajuda humanitária.