A Rua Voluntários da Pátria acompanhou as grandes transformações de Porto Alegre em mais de 200 anos. Ela já foi um belo caminho arborizado às margens do rio, o trajeto da ferrovia e a zona industrial. As últimas décadas foram de degradação, até virar ponto de consumo de drogas. A via começa junto à Praça 15 de Novembro e vai até a Arena do Grêmio.
A história da rua começa no século 19. O governador Paulo José da Silva Gama ordenou, em 1806, o início da abertura de uma estrada para ligação da vila com as chácaras às margens do rio. O sucessor, Dom Diogo de Souza, continuou a obra, de quase quatro quilômetros, até a várzea do Rio Gravataí, construindo uma casa de campo na extremidade da estrada. O Caminho Novo - nome original - era margeado por árvores nos dois lados.
O botânico e viajante francês Auguste de Saint-Hilaire, no livro Viagem ao Rio Grande do Sul, descreveu o Caminho Novo em 1820.
— Os terrenos planos e cultivados que vi à minha direita, logo que cheguei a Porto Alegre, ficam apertados entre este caminho e a coxilha, em cuja extremidade se localiza a cidade. Raramente se encontra passeio mais agradável que o do Caminho Novo; recorda tudo quanto existe de mais encantador na Europa — elogiou o francês.
No livro Porto Alegre: Guia Histórico, Sérgio da Costa Franco cita que, durante a Revolução Farroupilha, "o valo que protegia a cidade, com baluartes artilhados, cortava o Caminho Novo na altura da atual Rua Pinto Bandeira, ali existindo um dos portões com ponte levadiça".
Em 1870, o nome foi trocado para Rua Voluntários da Pátria, em homenagem aos militares brasileiros que lutaram na Guerra do Paraguai. A ferrovia até São Leopoldo ocupou parte da via a partir de 1874. Na margem do rio, eram construídos trapiches e nasceram clubes de remo.
O trem e a facilidade de acesso das embarcações tornou a Rua Voluntários da Pátria e ruas próximas no parque industrial da cidade. A construção do novo cais, nas décadas de 1950 e 1960, exigiu o aterramento, afastando o rio da rua. O fechamento e a transferência de indústrias provocaram a deterioração da via no 4º Distrito. No Centro Histórico, a Rua Voluntários da Pátria ainda é ponto de comércio.
Ontem e hoje
Nas duas fotos acima, veja o início da Rua Voluntários da Pátria no passado e no presente. A imagem em preto e branco é da década de 1880. O primeiro trecho já estava pavimentado. O comércio ocupava os casarões. Os bondes eram puxados por mulas. Na foto feita do torreão do Mercado Público, vemos as carroças para transporte de mercadorias e a rampa da doca, onde chegavam os pequenos barcos.
A área da doca foi aterrada para a construção da Praça Parobé na década de 1920. Hoje, é o terminal de ônibus Parobé.