Quando o vereador Ephraim Pinheiro Cabral (PTB) apresentou projeto sobre a área para construção do novo estádio colorado, muitos consideraram uma loucura. O político e ex-presidente do Sport Club Internacional ouvia questionamentos irônicos se venderiam "boias cativas". Mesmo com tanta desconfiança, em 1956, a Câmara Municipal aprovou e o prefeito de Porto Alegre, Leonel Brizola, sancionou a lei para a doação de terreno de oito hectares dentro do Guaíba, junto à futura Avenida Beira-Rio.
Questionado sobre previsão para concluir o estádio, na época da doação, o presidente do clube, Manoel Tavares da Silva, projetava os festejos de 50 anos na nova casa, em 1959. Como sabemos, a obra não foi tão rápida. Somente no aniversário de 60 anos, o Inter deixou o Estádio dos Eucaliptos, já acanhado para o tamanho da torcida.
Em 24 de novembro de 1957, a direção do clube convidou torcedores para colocação de placa comemorativa no local que receberia o estádio. Nos dias anteriores, começara o aterramento, permitindo aos colorados pisar pela primeira vez na terra que receberia o novo estádio. É importante recordar que a prefeitura planejava construir um bairro planejado no aterro da Avenida Praia de Belas, obra iniciada um ano antes. O estádio fazia parte do avanço da cidade sobre o Guaíba.
O lançamento da pedra fundamental do estádio ocorreu apenas cinco anos e meio depois do início do aterro. Em 7 de julho de 1963, um domingo, o Inter realizou festa no terreno já preparado para a construção do Gigante da Beira-Rio, com capacidade para 110 mil torcedores. O bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre, Dom Edmundo Kunz, conselheiro do clube, celebrou missa campal. Em uma urna, foram deixados jornais de Porto Alegre e moedas. A cerimônia teve desfile das bandas dos colégios das Dores e Assunção.
Luís Fagundes de Mello era o presidente do clube. A Comissão de Obras era presidida pelo português José Pinheiro Borda, de atuação destacada também na construção do Hipódromo do Cristal quando presidira o Jockey Club do Rio Grande do Sul.
O grupo de colorados envolvido na construção sofreu um baque em abril de 1965, quando José Pinheiro Borda morreu. Ruy Tedesco assumiu a liderança da comissão. A construção mobilizou a torcida. Campanhas arrecadaram materiais como tijolos, cimento e ferro.
Em março de 1968, mesmo inconcluso, o estádio recebeu a decisão do 10º Campeonato Gaúcho de Futebol de Praia. Quinze mil pessoas assistiram ao jogo nas arquibancadas. A inauguração do Gigante da Beira-Rio ocorreu em 6 de abril de 1969. O bispo Edmundo Kunz, o mesmo do lançamento da pedra fundamental, estava lá. Em dia festivo, o Inter venceu amistoso com o Benfica, de Eusébio, por 2 a 1.
O nome oficial do Beira-Rio é Estádio José Pinheiro Borda, em homenagem ao primeiro presidente da Comissão de Obras. Ruy Tedesco, que comandou a conclusão do Gigante, é homenageado no nome do Museu do Inter.