Leandro Staudt

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Desde o ano 2000 na Rádio Gaúcha, é apresentador do programa Gaúcha+. Sempre curioso sobre a vida no passado, o jornalista adora boas histórias. Na coluna em GZH traz curiosidades sobre fatos, lugares, empresas, produtos e pessoas.

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Viaduto Otávio Rocha: morte nas explosões, atraso na construção e planejamento para ser símbolo de Porto Alegre

Construção na Avenida Borges de Medeiros começou no final da década de 1920

Leandro Staudt

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O Viaduto Otávio Rocha é um cartão-postal de Porto Alegre, cenário de gravações para propagandas e fotos de turistas. O arquiteto Lucas Volpatto publicou livro sobre esta bela obra, pensada para ser símbolo da cidade. Em Viaduto Otávio Rocha: ícone da Porto Alegre moderna (Editora Concórdia), descreve desde os planos até a entrega da construção, com detalhes técnicos do projeto.

No plano de melhoramentos da cidade, a Rua General Paranhos, que virou a Avenida Borges de Medeiros, precisava ser alargada, encurtando a ligação do Centro com os bairros ao sul, como Cidade Baixa e Menino Deus. O problema era vencer a colina por onde passa a Rua Duque de Caxias. Devido à necessidade de rompimento do maciço granítico, Volpatto considera que a operação era uma façanha para a época. A intendência (prefeitura) começou, em 1926, a escavação entre as ruas Jerônimo Coelho e Coronel Genuíno, mas faltou dinheiro e parou os trabalhos. 

Em 1927, o governo municipal abriu concurso público de arquitetura. As soluções apresentadas em duas propostas não agradaram ao intendente Otávio Rocha, que escolheu o projeto de um terceiro engenheiro, que não participou da disputa. Manoel Itaqui, já reconhecido por outras construções importantes, fez o esboço com lápis em papel de embrulho durante conversa com o amigo intendente. A ideia de escadarias e rampas transformou em um agradável passeio a subida até a Rua Duque de Caxias.

Otávio Rocha morreu em fevereiro de 1928 e não viu o início das obras, que ficaram sob responsabilidade do sucessor, o vice-intendente Alberto Bins. A construtora alemã Dyckerhoff & Widmann venceu concorrência internacional para a execução e o contrato foi assinado em 31 de outubro de 1929. 

Centenas de quilos de dinamite destruíram a rocha, criando o vão que melhorou a ligação com o Centro. Em 22 de janeiro de 1930, uma falha causou detonação descontrolada. Uma grande pedra atingiu e matou Lourival Toscano Barbosa, que caminhava perto das obras. Por causa da tragédia, a empresa trouxe o engenheiro alemão Wilhelm Stein, que se especializou em explosivos na Primeira Guerra Mundial. Por segurança, como publicado em alerta na imprensa, sirene era acionada cinco minutos antes das detonações. Era o sinal para as pessoas procurarem abrigo.

Devido ao atraso nas desapropriações de imóveis no trajeto, o prazo de um ano para a construção não foi cumprido. Em 1931, o viaduto estava liberado para passagem dos bondes na ponte. Sem qualquer cerimônia de inauguração, a obra foi dada por concluída em 1933, quando entregaram a última rampa. O viaduto estava sem iluminação, o que gerou problemas de segurança.

A intendência ainda precisaria concluir a Avenida Borges de Medeiros, da Rua Andrade Neves até o Mercado Público, o que ocorreu apenas em 1935. O viaduto só recebeu o nome de Otávio Rocha em 1954, na gestão do prefeito Ildo Meneghetti.

Em 2022, nove décadas depois da construção, a prefeitura de Porto Alegre começa nova obra de revitalização.

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