A Usina do Gasômetro e a chaminé de mais de 100 metros de altura compõem um cartão-postal de Porto Alegre. As duas construções junto ao Guaíba estão diretamente ligadas à imagem da cidade. A gigante chaminé só ficou pronta em 1937, nove anos após a inauguração da usina de energia elétrica, depois de reclamações e mobilização dos moradores do entorno. Ninguém mais aguentava a fuligem das primeiras duas chaminés, que ficavam sobre o telhado.
O prédio foi erguido ao lado da Casa de Correção, o Cadeião, na região conhecida como "volta do gasômetro", em função da usina de gás hidrogênio carbonado que ficava na Rua Washington Luiz. Em novembro de 1928, a nova usina começou a produzir energia elétrica com a queima de carvão mineral para aquecer as caldeiras. Com o vento, a fumaça com resíduos era jogada para dentro da cidade, poluía o ar, invadia casas, sujava a roupa que estava no pátio para secar e desvalorizava imóveis.
Na foto acima, publicada pela Revista do Municipio em 1930, podemos ver as duas chaminés originais saindo do telhado. Ficavam no lado oposto da cadeia e da atual chaminé. Elas não existem mais.
A Companhia Energia Elétrica Rio-Grandense fez melhorias nos equipamentos, mas foram insuficientes e a pressão crescia a cada ano. O Rotary Club, presidido pelo empresário A. J. Renner, liderou mobilização, com visitas à usina. Sob pressão, o governo estadual publicou decreto intimando a companhia a encontrar uma solução.
Depois de muitas discussões, técnicos concluíram que o melhor seria a construção de uma chaminé muito mais alta, além de renovar equipamentos. Em março de 1936, o jornal A Federação mostrou a fase inicial das obras, com escavação entre a usina e a cadeia. O buraco tinha 11 metros de profundidade e oito metros de largura. Projetada pela empresa norte-americana Rust Engineering Cia., a chaminé foi erguida pela empreiteira Christiani-Nielsen.
A estrutura de concreto armado recebeu revestimento interno de tijolos refratários. Pelos dados publicados na época, a chaminé teria 112 metros de altura, sendo 11 enterrados e 101 acima do nível do solo. Um anel de metal foi colocado no topo, em um sistema para proteção dos raios. De acordo com dados do Instituto do Patrimônio Histórico (Iphae), a chaminé tem 117 metros. A usina e a chaminé são tombadas.
A gigante chaminé era o acessório. Sozinha seria insuficiente para melhorar a qualidade do ar, por isso a companhia comprou nova caldeira com grelhas rotativas para reduzir a emissão de resíduos de carvão. A usina termelétrica foi desativada em 1974. Depois de discussão sobre a possibilidade de demolição, o prédio foi reformado e abriu como centro cultural em 1991. A Usina do Gasômetro está fechada para revitalização desde 2017.
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