Em um ambiente ainda pujante para indústrias, a fábrica de ventiladores da marca Martau surgiu no 4º Distrito de Porto Alegre. Armando Martau fundou a Eletro Mecânica Arma Ltda na Avenida Maranhão, bairro São Geraldo. O porto-alegrense, formado no curso de guarda-livros (contador), foi pianista de cinema mudo e sócio na indústria metalúrgica Lindau & Cia.
Em 1961, a nova empresa começou a produzir os primeiros produtos, como liquidificadores manuais e facas especiais para pão. Os ventiladores, que dariam fama à marca, vieram dois anos depois. Em 1963, com a indústria em um prédio da Rua Hoffmann, fabricou os pequenos ventiladores de mesa, de 20 centímetros, a partir da aquisição do projeto de aparelho de uma fábrica argentina.
O negócio cresceria, abrindo espaço para ampliar a linha de produtos. O modelo de 30 centímetros chegou em 1965. Para não ficar dependente das vendas dos meses de calor, a indústria porto-alegrense entrou no mercado de secadores de cabelo profissionais e dos primeiros modelos de aquecedores de ambiente portáteis com resistência elétrica.
O estudante de engenharia mecânica Luiz Fernando Martau, filho de Armando, ingressou na empresa em 1966, quando a fábrica já estava em um prédio maior, na Avenida França. Ele participou da expansão dos negócios e de uma nova mudança.
Como outras indústrias, a empresa deixou a capital gaúcha e deslocou a produção para a Região Metropolitana. Durante as obras em Cachoeirinha, em 1972, Armando morreu.
O filho e um sócio, Guilherme dos Santos, abriram a nova sede da empresa em 1974, em Cachoeirinha. Em pouco tempo, a fábrica empregava 240 pessoas. Na nova fábrica, ampliou a linha de produtos. Com a marca Sekabem, entrou no mercado de secadoras de roupa para casa.
No final da década de 1970, uma cunhada de Luiz Fernando voltou dos Estados Unidos contando que os ventiladores de teto com luminárias eram muito usados nas residências. No Brasil, os ventiladores de teto eram somente comerciais. Surgiria, a partir daquela observação, a nova linha de produtos.
— Desenvolvemos o ventilador com motor de 16 polos, de rotação mais baixa e silencioso — relembra Luiz Fernando Martau.
Em 2003, em meio à crise financeira da empresa, a Armazém do Lar Comércio e Distribuição Ltda adquiriu tecnologia, equipamentos, carteira de clientes e linha de produtos, incluindo a marca Martau. A nova proprietária já era a principal distribuidora dos produtos da marca.
Em 2013, a razão social mudou para Industrial e Comercial Martau Tecnologia do Conforto. A montagem dos produtos é feita atualmente no bairro Sarandi, em Porto Alegre. Em Alvorada, está em obras novo pavilhão. O CEO da Martau, Milton Martins, diz com orgulho que 90% dos fornecedores são do Rio Grande do Sul.
— Não abrimos mão da qualidade, especialmente em relação ao motor. Os produtos precisam ser duráveis — resume Martins, quando questionado sobre princípios preservados do fundador.
A empresa está em recuperação judicial desde 2019 e tenta se reerguer.
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